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Câmbio

Dólar lá em baixo

<p>Moeda americana cai para R$ 1,787, e volta a nível pré-crise. No acumulado do mês, o dólar comercial registra queda de 5,40% e no ano, 23,47%.</p>

O dólar comercial fechou abaixo de R$ 1,80 pelo segundo dia seguido ontem (23/09), recuando agora para o nível de R$ 1,787, queda de 0,61% no dia. É a menor taxa desde 12 de setembro de 2008, retornando ao patamar pré-crise financeira internacional, que teve como marca do período mais agudo a quebra do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, em 14 de setembro daquele ano.

No acumulado do mês, o dólar comercial registra queda de 5,40% e no ano, -23,47%. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros, o dólar negociado à vista cedeu 0,83% hoje e fechou o pregão cotado a R$ 1,783, na taxa mínima do dia. Em 12 de setembro do ano passado, o dólar estava em R$ 1,781.

O mercado doméstico de câmbio encontrou motivos de sobra ontem (23/09) para se descolar completamente da relação do dólar ante outras moedas e dos fundamentos macroeconômicos do exterior. Um misto de fluxo de entrada e notícias favoráveis ao Brasil levaram a divisa hoje à nova baixa. Ainda que a nota de grau de investimento dada ontem ao Brasil pela agência de classificação de risco Moody’s já estivesse precificada pela maior parte dos investidores, o fato de ela chegar em um momento em que o mercado está propício ao risco e em busca de novos campos para seus recursos só fortalece a percepção de que mais dinheiro virá para o País, outro fator de pressão sobre o dólar, quando as captações externas foram retomadas e as ofertas de ações começam a sair da gaveta.

“Há um descolamento em relação a outros indicadores e em relação às moedas de fora, muito pela expectativa de fluxo de entrada”, pontuou Gabriel Aguilera, operador de câmbio da Flow Corretora. Existem fundos internacionais que só podem ingressar em país que tenha três selos de grau de investimento. Além disso, só em emissões de ações primárias e secundárias o Brasil recebeu a declaração de intenção de algo como US$ 13 bilhões de agosto para cá, das quais a maior é a do Santander. Em termos de captação externa, já fizeram operações recentes empresas como Votorantim, Banco do Brasil, Bradesco, CSN e Banco Cruzeiro do Sul.

Com isso, os analistas e operadores começam a acreditar que o piso de R$ 1,80 ficou para trás. A Gradual Investimentos, por exemplo, já estima que o dólar chegue a R$ 1,70 no final do ano e a Flow Corretora pensa em rever sua atual projeção, de R$ 1,75.

Segundo André Perfeito, economista da Gradual, o fato de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) ter mantido sua taxa básica de juros próxima de zero só fortalece o movimento de apreciação do real. “A atual política monetária dos Estados Unidos, que deve se manter pelo menos nos próximos meses, força a queda do dólar em todos os lugares do mundo”, acredita.

Outra notícia que pode pressionar o dólar para baixo foi a de que o fundo soberano da China está interessado em comprar títulos de dívida emitidos pelo governo brasileiro, depois da elevação do rating do Brasil. A informação foi dada pelo secretário-adjunto do Tesouro, Paulo Valle, em entrevista à agência Dow Jones. Valle, que participa do fórum de investimento China-América Latina, em Pequim, disse que se reuniu com autoridades do China Investment Corp. (CIC) para discutir a questão. Segundo ele, as autoridades com quem conversou demonstraram interesse particular em bônus atrelados à inflação denominados em real, mas nenhum acordo concreto foi fechado.