Após três dias consecutivos de valorização, em que chegou a ultrapassar a marca de R$ 5,00, o dólar à vista encerrou o pregão de quinta-feira, 1º de junho, com uma queda de 1,31%, sendo cotado a R$ 5,0064. Durante o dia, houve uma oscilação de pouco mais de cinco centavos, atingindo uma máxima de R$ 5,0582 logo após a abertura e uma mínima de R$ 5,0058 à tarde.
Operadores apontam que essa queda se deve a um movimento de ajuste de posições e realização de lucros, impulsionado pela fraqueza da moeda americana no mercado internacional e pela recuperação dos preços das commodities metálicas, agrícolas e do petróleo. O desempenho acima do esperado do PIB brasileiro no primeiro trimestre, impulsionado pelo setor agropecuário, também contribuiu para o fortalecimento do real e do índice Ibovespa.
“Ontem foi um dia de muita pressão, com disputas pela última ptax do mês, dados negativos da China que afetaram as moedas de exportadores e expectativas de aumento dos juros nos EUA. Hoje, estamos vendo um cenário bem diferente, com alívio e correção”, afirmou André Rolha, diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, que prevê que o dólar se mantenha na faixa de R$ 4,90 a R$ 5,10 no curto prazo.
O índice DXY, que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, voltou a operar abaixo dos 104 mil pontos, atingindo uma mínima abaixo de 103,500 pontos durante a tarde. Além da aprovação do projeto que suspende o teto da dívida dos EUA por dois anos na Câmara dos Representantes, os indicadores econômicos americanos divulgados pela manhã reforçaram a expectativa de uma pausa no aperto monetário neste mês. Houve até mesmo um aumento nas estimativas de redução dos juros até o final do ano.
Os índices de gerente de compras (PMI) globais e industriais dos Estados Unidos apresentaram uma contração maior do que o esperado em maio, com leituras abaixo de 50, indicando uma desaceleração da atividade econômica. Por outro lado, o relatório ADP revelou a criação de 278 mil empregos em maio, superando as expectativas de 162 mil. Os investidores aguardam agora a divulgação do relatório de emprego (payroll) amanhã para ajustar suas apostas para a reunião do Federal Reserve, que ocorrerá nos dias 13 e 14.
“A aprovação do teto da dívida americana na Câmara, com a perspectiva de uma tramitação rápida no Senado, trouxe alívio. Além disso, os dados econômicos americanos divulgados hoje parecem favorecer o Fed, levando os mercados a apostarem em uma manutenção das taxas de juros. Vamos ver se o relatório de emprego amanhã confirma essa expectativa”, afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
O dólar também registrou queda em relação à maioria das moedas emergentes e de países exportadores de commodities. O real, que sofreu mais nos últimos dias de maio, teve o segundo melhor desempenho entre as moedas latino-americanas, ficando atrás apenas do peso colombiano. Após uma série de dados negativos da China, o mercado comemorou o aumento do PMI industrial chinês em maio, medido pela S&P Global/Caixin, apesar das dúvidas sobre a sustentabilidade do crescimento da segunda maior economia do mundo.
No cenário interno, o IBGE divulgou pela manhã que o PIB brasileiro teve um aumento de 1,9% no primeiro trimestre em comparação com o quarto trimestre de 2022, superando as estimativas médias. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve uma expansão de 4%. Esses números levaram diversos bancos a revisarem para cima as expectativas de crescimento da economia brasileira para este ano. Com base no desempenho do setor agropecuário, o avanço do PIB não afeta a perspectiva de redução da taxa Selic em agosto ou setembro. A leitura é de que pode haver uma desaceleração da inflação, uma vez que a demanda mostra sinais de queda e a oferta agrícola está em crescimento.