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É hora de estimular o consumo de carne suína - por Fabiano Coser

Encerrado o primeiro trimestre já podemos ter uma noção mais clara dos rumos do mercado de suínos para este ano.

É hora de estimular o consumo de carne suína - por Fabiano Coser

Encerrado o primeiro trimestre já podemos ter uma noção mais clara dos rumos do mercado de suínos para este ano. Depois de um 2014 arrebatador, com preços recordes e elevadas margens de lucro, já se sabia que 2015 seria diferente, no entanto é sempre arriscado tentar mensurar a dimensão da mudança. Os preços caíram 30,72% em menos de 100 dias, entre a última semana dezembro e a primeira semana de abril, passando de R$ 4,85 para R$ 3,36 o quilo do animal vivo no mercado de São Paulo. É hora de colocar o time em campo, mobilizar a cadeia produtiva e estimular o consumo de carne suína.

Como não há excesso de produção é na curva de demanda que está o foco. No campo externo a perda de espaço da carne suína brasileira no mercado internacional é fato já bastante debatido neste espaço. O primeiro trimestre de 2015 totalizou uma exportação de 76,34 mil toneladas de carne suína “in natura” enquanto no primeiro trimestre de 2014 esse número foi de 92,58 mil toneladas, redução de 17,54% em volume quando comparados os dois trimestres.

Se levarmos em conta que 2014 foi o pior dos últimos 10 anos em volume exportado de carne suína pelo Brasil e que até o momento os primeiros meses de 2015 apresentam uma queda de mais de 15% em relação ao ano anterior, concluiremos facilmente que é na demanda interna que temos que mirar. Logicamente que é imprescindível recuperar o espaço perdido no exterior, fiel da balança no equilíbrio de mercado, mas no momento que é necessário aumentar as vendas em busca de melhores preços é na fatia de consumo que representa 85% de toda produção que está a chance de resultados mais rápidos.

Além de não haver excesso de oferta de animais para o abate, outra situação de mercado que favorece a carne suína é a permanência do preço do boi gordo em níveis recordes, o que faz com que os preços das duas carnes na gôndola do supermercado estejam cada vez mais distantes. Sobretudo em um momento de fortes ajustes econômicos, onde o aumento da inflação já está corroendo o poder de compra dos consumidores e a sensação geral é de pessimismo em relação à economia, é natural que as pessoas recorram às opções de carnes mais baratas e fiquem mais sensibilizadas a experimentar novas opções de consumo.

Também não é novidade que a carne suína ainda é a opção que apresenta maior resistência entre os consumidores, e por isso mesmo a que necessita de maior empenho na divulgação dos seus benefícios nutricionais, na desconstrução do preconceito e no estímulo ao consumo. Nada de novidade aqui também. Mas os consumidores são fugazes e mudam rapidamente de escolha quando ainda não há uma memória de consumo bem consolidada. As campanhas de estímulo dos anos anteriores foram excelentes em termos de resultados momentâneos, com aumentos substanciais de vendas no período do trabalho de marketing, mas certamente o efeito residual, de longo prazo, é apenas um percentual muito menor daquele que acontece no decorrer da ação. Assim é necessário reavivar a memória do consumidor, dar-lhe estímulo para optar pela carne suína.

A outra boa notícia é que este caminho já é bem conhecido e foi por outras vezes trilhado pela cadeia produtiva. Diversas campanhas lideradas pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) nos últimos 10 anos já mostraram seu poder de mexer com o mercado pelo menos enquanto está na rua. Fora isso, há o efeito psicológico sobre todos aqueles que dependem da atividade e ainda mais para os produtores de suínos, que percebem que algo está em prática para tentar melhorar a situação de mercado. O pior prognóstico é quando o setor não se mobiliza e assiste passivamente ao movimento dos preços, que neste momento estão contrários aos interesses da suinocultura brasileira.