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Economia

Efeito passageiro

Segundo FGV, o efeito do câmbio alto na inflação já passou. IGP-DI variou 0,40% em outubro.

O impacto da valorização do dólar frente ao real no Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), chegou ao fim. O coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Salomão Quadros, afirmou que o indicador de outubro terminou de captar os efeitos da mudança brusca do patamar do câmbio. O índice variou 0,40%, em outubro, abaixo do resultado apresentado no mês anterior, de crescimento de 0,75%.
“O dólar estava R$ 1,59 em agosto, passou para R$ 1,75 em setembro, chegou a atingir R$ 1,82 nos primeiros dez dias de setembro, mas em outubro já recuou para R$ 1,77”, explicou Quadros. De acordo com o economista, o câmbio já começou a recuar e não deve impactar mais o indicador. A maior influência do câmbio em outubro foi sobre os insumos industriais.

Em 12 meses, o IGP-DI variou 6,78% e está em trajetória de desaceleração, uma vez que em setembro o acumulado em 12 meses apontava para 7,45%. “Vai dar outra caída forte em novembro e pode ser que recue ainda mais”, alertou o economista. A taxa acumulada no ano é de 4,72%.
Os preços no atacado, calculados pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representam impacto de 60% no IGP-DI, registraram variação de 0,48% em outubro. “Em setembro a variação havia sido de 0,94% muito em função da variação cambial”, disse Quadros.
O resultado positivo para o atacado – apesar da desaceleração – aconteceu em função da variação dos bens finais, que tiveram alta de 0,18%, frente à queda de 0,05% em setembro. O principal responsável pelo resultado foi o subgrupo alimentos in natura, cuja taxa passou de -1,22% para 0,07% no mesmo período, puxado, segundo Quadros, principalmente pela batata inglesa, que passou de 0,47% para 19,11%, e pela uva, que foi de queda de 2,38% para alta de 13,40%.
“No entanto, o feijão ajudou a acomodar o índice, com alta de 3,20% para queda de 1,33%”, ponderou Quadros. Já os alimentos processados registraram aceleração de 0,17% em setembro para 0,31% em outubro. A alta, segundo Quadros, ficou concentrada nas carnes. As aves abatidas e frigorificadas cresceram de 0,99% para 3,66% e as carnes bovinas passaram de queda de 0,52% para alta de 1,74%. “Com isso, observamos um aumento dos preços das rações que, apesar de terem crescido apenas 0,65%, já acumulam alta de 15,38% no ano”, disse Quadros.
O índice do grupo bens intermediários apresentou variação de 0,77%. Em setembro a taxa havia sido de 0,65%. O destaque da aceleração foi o subgrupo suprimentos, cuja inflação foi de 2,25% para 3,53%, puxado principalmente por fertilizantes, que foi de 3,69%, em setembro, para 7,46% em outubro; óleo combustível, que passou de -0,06% para 0,81% e querosene, de -0,19% para 4,92%.