A Eletrobras planeja formar parceria com a chinesa State Grid para disputar o leilão das linhas de transmissão que farão o escoamento da energia da hidrelétrica de Belo Monte, de 11.233 megawatts (MW), no rio Xingu (PA), para o Sudeste. As duas empresas assinaram o procolo de intenções na semana passada.
“Vamos participar ativamente do leilão da linha de transmissão que vai escoar a energia de Belo Monte para o Sudeste. E, nesse caso, possivelmente em parceria com a State Grid”, afirmou ontem o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, em almoço com jornalistas.
Este é o segundo consórcio costurado para disputar o leilão, previsto para o primeiro trimestre de 2014. Em outubro, a Taesa, braço de investimentos em transmissão de energia da Cemig, fechou parceria com a Alupar para participar da concorrência.
De acordo com estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a principal linha do sistema de transmissão terá 2.140 quilômetros, ligando Belo Monte a uma subestação em Minas Gerais, e investimentos de R$ 4 bilhões. A linha terá capacidade para escoar 4 mil MW em 800 quilovolts (kV) – nível de tensão inédito para o sistema brasileiro.
Carvalho Neto também contou que a Eletrobras prevê investir R$ 13 bilhões em 2014. Desse total, R$ 6,5 bilhões serão destinados ao setor de geração. Outros R$ 4 bilhões devem ser aplicados em transmissão e R$ 2 bilhões, em distribuição de energia. O restante, de R$ 500 milhões, serão para serviços gerais.
A companhia deve fechar 2013 com investimento recorde de R$ 11 bilhões. Se confirmado o valor corresponderá a 82% do orçamento previsto para este ano.
Boa parte dos recursos para o próximo ano virá das indenizações a que a empresa tem direito, por ter aderido ao programa de renovação antecipada das concessões. Além dos R$ 14 bilhões já aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a estatal espera obter pouco mais de R$ 12 bilhões relativos às indenizações dos ativos de transmissão construídos antes de maio de 2000. O valor ainda depende de aval da agência.
“Demos todas as nossas informações e estamos procurando atuar passo a passo com a Aneel no sentido de conseguirmos que essa indenização seja a mais adequada possível à nossa realidade”, disse Carvalho Neto. “Se recebermos mais do que R$ 12 bilhões, isso significa um lucro. Se for menos do que R$ 12 bilhões naturalmente é um prejuízo. Mas, pelas nossas contas, esse número será superior a R$ 12 bilhões”, completou o executivo.
O presidente da Eletrobras também informou que a companhia estuda centralizar as operações da holding e das subsidiárias em um único endereço no Rio de Janeiro. O local mais provável é a sede de Furnas, no bairro de Botafogo. Segundo ele, há espaço vago em um prédio da empresa, devido ao programa de demissão incentivada. Além disso, é possível construir outro prédio na mesma área.
“Estamos estudando seriamente a possibilidade de termos um endereço único no Rio de Janeiro, de tal maneira que possamos fazer uma redução substancial no valor de aluguel que nós pagamos e também nos serviços complementares”, afirmou o executivo, acrescentando que deve ser adotada a mesma medida para as operações em Brasília.
Carvalho Neto disse ainda que espera que a companhia obtenha em 2014 o empréstimo de R$ 2,649 bilhões da Caixa Econômica Federal para quitar a dívida com a Reserva Global de Reversão (RGR). A operação foi cancelada pelo Ministério da Fazenda, após ter sido criticada pelo mercado financeiro.
“Aquela operação é muito boa, porque substituiríamos para nossas empresas a dívida da RGR, que tinha um certo perfil, um certo custo, um certo prazo e não tinha carência, por uma dívida que seria de juros menores, prazo maior e com carência. Para o sistema Eletrobras aquele empréstimo seria muito bom e nós esperamos que ele seja alcançado no próximo ano”, disse.