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Energia

Eletronorte vende energia em leilão para mercado livre

Primeira licitação realizada pela estatal pode movimentar R$ 200 milhões, dizem especialistas.

Eletronorte vende energia em leilão para mercado livre

A Eletronorte, braço operacional da Eletrobras na região Norte, vai realizar hoje, pela primeira vez, um leilão próprio de venda de energia. A concorrência, voltada para o mercado livre, negociará dois tipos de contratos. Um com dois anos de duração (entre 2015 e 2017) e outro com quatro anos de fornecimento (entre 2015 e 2019). A expectativa, segundo fontes ouvidas pelo Valor, é que o leilão possa movimentar algo em torno de R$ 200 milhões, no período dos contratos, negociando cerca de 70 MW médios.

O montante estimado considera preços médios de energia que estão sendo negociados para contratos semelhantes no mercado livre atualmente. O fornecimento de energia entre 2015 e 2017 é negociado hoje entre R$ 100 e R$ 110 por megawatt-hora (MWh), enquanto contratos com quatro anos de duração, a partir de 2015, são fechados no mercado ao preço de R$ 90 por MWh.

Já a estimativa de oferta de energia é baseada em informações contidas no próprio edital da concorrência. Segundo fontes do setor, a Eletronorte é a única estatal federal com energia disponível para a venda hoje.

A empresa pode fechar o ano com toda sua energia contratada, melhorando o fluxo de caixa, diz especialista

“A energia a ser comercializada é proveniente da hidrelétrica de Tucuruí, tendo como lastro a disponibilidade de garantia física oriunda do encerramento de alguns contratos de energia do ambiente de contratação livre”, informou a Eletronorte, em nota.

Outro aspecto importante com relação ao leilão é que ele ocorrerá duas semanas antes do leilão “A-1”, que negociará o fornecimento de energia existente das usinas para distribuidoras já no próximo ano. No A-1 serão negociados contratos com três períodos de entrega diferentes: 12, 18 e 36 meses. Assim, dependendo do sucesso de seu próprio leilão, a Eletronorte poderá desenhar sua estratégia para o A-1.

“A estratégia da Eletronorte é negociar um pedaço [de energia] no A-1 e alongar essa contratação até 2019”, disse um especialista a par do assunto. “A Eletronorte pode fechar o ano contratada, travada, numa época em que o preço da energia está alto. Isso ajuda muito no fluxo de caixa do período”, completou ele.

A operação do leilão será realizada pela Brix, empresa que atua na mediação eletrônica de negócios bilaterais de compra e venda de energia no mercado livre. “O que precisamos fazer foi adaptar a plataforma que utilizamos, da ICE [IntercontinentalExchange], para que ela pudesse oferecer esse serviço, típico do mercado brasileiro”, disse o presidente da Brix, Levindo Santos, ao Valor. A ICE é uma das acionistas da Brix, que também tem entre seus sócios o empresário Eike Batista.

O preço mínimo de venda do leilão só será divulgado aos participantes na plataforma da Brix 30 minutos antes da apresentação das ofertas pelos concorrentes. Cerca de 60 empresas, entre outras geradoras, comercializadoras e grandes consumidores de energia, manifestaram o interesse em participar do leilão.

Segundo Santos, os participantes do leilão, e a própria Eletronorte, terão acesso a cada oferta de compra, mas sem sabem quem foi o autor dela.

“Só interessa que eles saibam que há ofertas. Mas elas são anônimas, inclusive para a Eletronorte, que vai vender para a melhor oferta. Esse é um dos grandes diferenciais. O anonimato veste o próprio leilão de uma credibilidade muito grande” afirmou o presidente da Brix.