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Economia

Eletropaulo volta a dar sinais de melhora

Lucro líquido de R$ 27 milhões no terceiro trimestre supera projeções dos analistas, que esperavam prejuízo.

Eletropaulo volta a dar sinais de melhora

A AES Eletropaulo encontra-se em meio a um fogo cruzado desde meados do ano passado, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) impôs uma redução nas tarifas da distribuidora paulista considerada severa demais pelo mercado. O corte foi feito no âmbito do terceiro ciclo de revisão tarifária periódica (RTP), processo ao qual todas as distribuidoras do país são submetidas a cada quatro anos. Mas, ontem à noite, a companhia anunciou resultados muito acima das expectativas dos analistas e ainda afastou os temores em relação ao seu excesso de endividamento, que voltou a ficar abaixo dos níveis contratuais exigidos pelos credores (“covenants”).

O lucro líquido da empresa foi de R$ 27 milhões no terceiro trimestre, valor muitas vezes maior que o resultado pífio, de R$ 500 mil, registrado em igual trimestre do ano passado. A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) aumentou 61,2%, para R$ 142 milhões.

No fim de 2012, a relação entre a dívida líquida e o Ebitda da distribuidora chegou a alcançar 4,9 vezes, estourando, assim os covenants (de 3,5 vezes). A situação levantou dúvidas sobre a saúde financeira, temor que foi reforçado em setembro, quando as agência Moody’s e Fitch rebaixaram as notas de classificação de risco da Eletropaulo.

Mas, no terceiro trimestre, a alavancagem da distribuidora paulista voltou para um patamar mais aceitável, de 2,4 vezes o Ebitda, e ficou novamente dentro dos limites estabelecidos pelos credores.

Segundo Britaldo Soares, presidente da o grupo AES no Brasil, o resultado da Eletropaulo refletiu uma combinação de fatores, entre eles a melhora no desempenho operacional da distribuidora. Além de conseguir baixar em 5% os níveis de interrupção no abastecimento de energia (DEC), a companhia reduziu em R$ 58,5 milhões as despesas gerenciáveis (com pessoal, material, serviços e outros, conhecida pela sigla PMSO) na comparação com o terceiro trimestre de 2012, corrigido pelo IGP-M.

Nos nove primeiros meses de 2013, a redução nas despesas com PMSO foi de R$ 88,5 milhões. “Isso nos levou a aumentar a meta de redução de gastos, que era de R$ 100 milhões neste ano, para R$ 140 milhões”, disse Soares.

Também ajudaram – e muito – os repasses bilionários que estão sendo feitos para todas as distribuidoras do país pelo Tesouro, por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Os recursos foram liberados pelo governo federal para tapar o rombo no fluxo de caixa das empresas de distribuição de energia, que ficaram subcontratadas depois da renovação dos contratos de concessão das hidrelétricas. Isso porque Cesp, Cemig e Copel decidiram não aderir ao acordo. As distribuidoras ficaram expostas, de forma involuntária, ao mercado de curto de prazo em cerca de 2 mil MW, que precisam ser adquiridos no mercado spot.

O Tesouro cumpriu a promessa e está repassando o dinheiro. Só a Eletropaulo já recebeu, desde o início do ano, cerca de R$ 1,2 bilhão. No início de julho, foram liberados para a companhia R$ 506 milhões.

Os analistas esperavam números ruins para o terceiro trimestre deste ano, mas os resultados vieram bem acima das expectativas. O Bradesco, por exemplo, projetava um ganho de R$ 9,1 milhões no período. Alguns analista estimavam até mesmo que a distribuidora fecharia no vermelho, como a corretora Ativa, que previa um prejuízo de R$ 113 milhões. Outra analista consultada pelo Valor havia projetado um prejuízo ainda maior, de R$ 232 milhões no trimestre.

Desde a revisão tarifária no ano passado, as ações da Eletropaulo desabaram na bolsa. Ontem, os papéis fecharam em baixa de 6,9%, a R$ 8,70, acumulando em 2013 uma desvalorização de 48%. Em julho, as ações atingiram mínimas de R$ 5,7. No entanto, o recente movimento de alta dos papéis, que subiram 17% em outubro, intriga os analistas. Frequentemente, surgem especulações de que o grupo americano AES teria intenção em de se desfazer da Eletropaulo, que vale hoje na bolsa R$ 1, 5 bilhão. Mas os rumores são sempre negados pelo presidente do grupo no Brasil.