Em meio a um rombo recorde nas contas externas, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) intensificou as conversas com representantes do segmento de carnes para discutir formas de ampliar as exportações do Brasil.
Após a reunião que marcou sua primeira visita oficial à sede da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), em São Paulo, o secretário-executivo do ministério, Ricardo Schaefer, disse ontem a jornalistas que o Brasil pode expandir as exportações de carnes bovina, suína e de frango em 1 milhão de toneladas. Não há prazo para que essa meta seja alcançada, afirmou.
Nós acreditamos que podemos expandir as exportações em pelo menos 1 milhão de toneladas. Colocamos isso como uma meta a ser atingida”, disse o secretário-executivo do Mdic. Além de Francisco Turra, da Ubabef, participaram do encontro o presidente da Associação Brasileira da Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Camardelli, e o diretor de mercado interno da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Jurandi Soares Machado.
Segundo Schaefer, o esforço de coordenação para ampliar as vendas de carnes se dará a partir da meta, ainda que sem um prazo definido. “A partir dessa meta, temos uma agenda. No caso da Ásia, o setor de carnes já fez uma prospecção em Myanmar. O que falta é o governo fazer agenda específica lá. Essa é uma das ações que estão no nosso radar”, afirmou ele.
Questionado sobre o porquê de firmarem uma “agenda estratégica” apenas agora, Schaefer afirmou que o encontro realizado ontem é parte de um esforço pessoal dele, que vem se encontrando com outras associações setoriais desde que assumiu o cargo em meados do ano passado. Ele negou, porém, que havia descoordenação nas tratativas.
“Não há descoordenação. O que há é uma interlocução direta do setor privado com diferentes órgãos de governo. Estamos propondo a criação de uma agenda estratégica para que possamos desenvolvê-la de maneira mais coordenada”.
Um dos principais pleitos dos produtores de carnes, a abertura do mercado da Indonésia para a carne de frango do Brasil, integra a agenda estratégia definida ontem. Segundo o diretor do Departamento de Negociações Internacionais da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), Márcio Naves de Lima, o governo brasileiro vai “esgotar todos os canais de negociação” antes de abrir um painel contra a Indonésia na Organização Mundial de Comércio (OMC), mesmo que essa opção já esteja autorizada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) desde o fim do ano passado.
Segundo ele, o Ministério de Relações Exteriores deve enviar uma consulta ao governo indonésio sobre a abertura do mercado de carne de frango com base no Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS). Assim que consulta for enviada, a Indonésia terá 30 dias para responder. Só depois disso é que a abertura do painel voltará a ser tratada.
De acordo com Lima, um dos entraves para a abertura do mercado indonésio é a exigência de um modelo de abate “muito mais rígido que o método Halal e que vai além do Codex Alimentarium”. Desse modo, afirma o diretor, essa imposição “acaba funcionando como uma barreira”.