Os fundos que investem em commodities reduziram seu apetite pelos mercados agrícolas no último mês. É o que demonstram os dados mais recentes da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
Nas quatro semanas encerradas no dia 18, os investidores institucionais haviam reduzido sua posição líquida de compra nos pregões de soja, milho e trigo (além do açúcar, negociado em Nova York). Os números que a CFTC divulgam nesta sexta-feira, com a posição dos fundos no dia 25, devem confirmar a tendência.
A posição líquida é o saldo entre os contratos de compra, com os quais os fundos apostam na alta dos preços, e os contratos de venda, com os quais tentam se antecipar a uma queda.
Segundo a CFTC, os fundos reduziram em 14,8% ou 38 mil contratos (para 216,76 mil), sua posição líquida de compra em contratos futuros de soja da bolsa de Chicago. A posição comprada pelos fundos em soja é a menor desde a primeira semana de junho.
No pregão de milho, os fundos encolheram sua posição de compra em 14,2% ou quase 50 mil contratos (para 305,25 mil) – menor número desde a primeira semana de agosto.
Já a posição comprada em trigo recuou 21,1%, ou 16 mil contratos, para 60,54 mil contratos – menor patamar desde a primeira semana de julho.
Segundo o analista de commodities da Jefferies Bache em Nova York, Vinícius Ito, os fundamentos do mercado de grãos continuam fortes, “mas talvez tenham faltado elementos para que os fundos continuassem a apostar na alta com os preços já em níveis recordes e, possivelmente, exagerados”. Para ele, “o mercado está tentando buscar um preço de equilíbrio”.
O trader conta que sinais de que a safra americana pode ser ligeiramente maior do que se imaginava após a seca histórica do último verão, a expectativa de um plantio recorde no Brasil, uma nova onda de preocupação com a crise europeia e, finalmente, a frustração com a nova rodada de afrouxamento monetário nos EUA fizeram diminuir o apetite dos investidores pelo risco das commodities agrícolas.
“Muitos investidores compraram mal, com os preços já perto das máximas, e foram os primeiros a pular do barco. Quem comprou no início do ano mantém suas posições”, acrescenta.