Da Redação 14/10/2004 – Santa Catarina poderá perder US$ 90 milhões caso se confirme a previsão de que o embargo às carnes brasileiras dure três meses. O representante da Welby, empresa que fiscaliza o embarque dos produtos para a Rússia, Vladimir Prestes, disse que as notícias vindas da Europa não são nada animadoras e as perdas podem chegar este patamar.
Como o governo brasileiro estima os prejuízos em US$ 150 milhões, Santa Catarina deve perder 60% deste total, já que esta é a parcela nos embarques, segundo Prestes. Ele informou que, atualmente, estão sendo enviados alguns navios dos estoques negociados antes do embargo de 20 de setembro, causado pela aftosa na Amazônia. Mas nos próximos dias os embarques devem parar completamente.
Se não ocorrer a retomada até novembro, as exportações ficarão paralisadas até 2005, devido ao Inverno russo, que congela o acesso a alguns portos. Cerca de 50 mil toneladas de carne deixaram de embarcar para a Rússia desde a paralisação.
O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Neivor Canton, acredita que, a curto prazo, não haverá grande impacto na produção, pois há uma demanda maior no mercado interno, para as festas de final de ano. A situação pode complicar a partir de janeiro de 2005.
Preço não deve oscilar nos próximos meses
O vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos, Clair Dariva, disse que as redes de supermercados estão desabastecidas, pois estão esperando uma queda no preço do produto. Dariva disse que a queda de R$ 0,10 centavos após o embargo russo, de R$ 2,35 para R$ 2,25, ainda deixa uma margem lucrativa ao produtor.
Para o analista de mercado do Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Icepa), Jurandi Machado, o preço da carne suína não deverá oscilar muito nos próximos meses. Machado disse que, mesmo com o embargo, o Brasil deve bater recordes de exportação, chegando a 500 mil toneladas em suínos e 2 bilhões em aves.
O analista considera que outros mercados como Argentina e Hong Kong estão absorvendo parte da produção. De acordo com Machado, as agroindústrias devem manter o ritmo de abates para atender o mercado interno.