Responsável por 10% das exportações nacionais de carne suína, o Paraná deixou de vender para a Rússia o equivamente a R$ 1 milhão nos últimos 20 dias. Essa é a estimativa do presidente da Associação Paranaense de Suinoculura (APS), Carlos Geesdorff. O valor não representa propriamente prejuízo, uma vez que a produção vem sendo escoada no mercado interno e os preços, apesar de serem considerados baixos (na casa de R$ 1,8 o quilo), seguem estáveis.
O embargo entrou em vigor no dia 15 de junho e mostra a pressão que um único país pode exercer sobre a cadeia da carne. Ao ver os preços de venda abaixo do custo de produção, o presidente da APS diz que o setor continuará em crise. Ele não acredita que a comissão brasileira que está na Rússia nesta semana consiga reverter o embargo rapidamente.
O excedente de carne suína no mercado brasileiro durante um ano sem embarques para a Rússia pode chegar a 200 mil toneladas, aponta a APS. Isso significa que perto de 2 milhões de suínos podem ficar sem espaço na mesa do consumidor.
Para o professor de economia agrícola da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Eugênio Stefanelo, a única solução para reequilibrar o quadro nacional da suinocultura é a redução da produção. “Tivemos que fazer isso ano passado com o milho, que agora está a preços elevadíssimos”, cita.
O presidente da APS, alerta, porém, que a diminuição no número de cabeças não ocorre de uma hora para outra e poderia levar milhares de pequenos produtores à falência. “Temos hoje 10 mil suinocultores no estado, que dependem exclusivamente da produção de suínos, fadados a sair da atividade, infelizmente”, calcula Geesdorf.