Redação SI (07/04/06)- A expectativa dos empresários brasileiros era discutir à exaustão as questões ligadas à agricultura, no café da manhã oferecido ontem (06), em São Paulo, ao presidente do governo da Rússia, Mikhail Fradkov. Mas Fradkov procurou deixar claro que não veio ao Brasil para comprar alimentos, embora reconheça ser essa uma necessidade russa.
O presidente do governo russo quer vender produtos acabados para equilibrar a balança comercial com o Brasil. “O que é compreensível, uma vez que a situação é de desequilíbrio acentuado e tende a se agravar”, segundo o presidente do Conselho Empresarial Brasil-Rússia, Marcos Vinicius Pratini de Moraes. A participação russa na soma das importações e exportações entre os dois países é de apenas 26%.
A frustração dos empresários era visível, especialmente do presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne de Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. Segundo informou, nenhum grama de carne suína foi embarcado durante o mês de março para a Rússia. Desde que foram identificados focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná, as exportações brasileiras de suínos caíram, o que não aconteceu com a carne bovina porque o embargo se limitou a poucas regiões produtoras. Os frigoríficos mantêm unidades em vários pontos do País, o que permite que eles concentrem a produção nas regiões não afetadas pelo embargo.
O valor das exportações brasileiras de carne bovina totalizou no mês de março US$ 298,5 milhões, 27% mais no mesmo período de 2005. Com a Rússia, a receita foi de US$ 33,6 milhões, 145% mais que em março de 2005.
O ministro da Indústria da Rússia, Boris Aleshin, garantiu que o embargo para Santa Catarina deve cair breve. Isso já ocorreu com o Rio Grande do Sul, também produtor de carne suína, embora em menor escala. Uma missão de técnicos russos deverá chegar nos próximos dias para avaliar as condições sanitárias para suspender o embargo a Santa Catarina.
Os critérios russo de avaliação das condições sanitárias são peculiares. Pratini de Moraes, que também é presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (ABIEC), explicou que o país, por não ser membro da Organização Mundial do Comércio (OMC), não segue as normas da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Para Pratini, isso não é empecilho para as boas relações com a Rússia. Além isso, acrescentou, a tarifa aduaneira européia para a carne é quatro vezes maior que a russa, que é 40%.