Redação (24/07/06) – Mas os prejuízos do Brasil com embargos às carnes suína, bovina e de frango já somam US$ 2 bilhões desde 2004, sendo metade deste valor somente em 2006. O cálculo é do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes, em visita à região Oeste. O ex-ministro da Agricultura de Fernando Henrique Cardoso esteve no sábado, em Chapecó, acompanhando o candidato a presidente da República Geraldo Alckmin (PSDB).
Os embargos são motivados por barreiras sanitárias, quando ocorrem focos de aftosa (Paraná e Mato Grosso do Sul) e, recentemente, de Newcastle (Rio Grande do Sul. Somente a Rússia suspendeu três vezes as compras nos últimos três anos. Além de representar menos exportação, os embargos geram um excedente no mercado interno e derrubam os preços para o criador, como vem ocorrendo especificamente em Santa Catarina. Desde o início do embargo russo, em 12 de dezembro, o preço base do suíno caiu de R$ 2 para R$ 1,20.
Para o presidente da Abiec, uma das causas dos embargos tem origem na redução dos investimentos em vigilância sanitária. Pratini afirma que as verbas do Ministério da Agricultura foram contingenciadas e os investimentos em sanidade foram de R$ 40 milhões no ano passado e, neste ano, apenas R$ 16 milhões até o momento.
Estimativa de R$ 220 milhões para controle dos rebanhos:
Pratini estima que o valor necessário varia entre R$ 180 e R$ 220 milhões por ano para se ter um controle efetivo do rebanho nacional e evitar proliferação de doenças. “Não é um valor alto, pois o prejuízo com os embargos chega a até 50 vezes o que o governo tem investido no setor”, diz. O presidente da Abiec avalia que o atual governo deveria investir mais no agronegócio para gerar mais renda e empregos. No primeiro semestre, as exportações de suínos, aves e bovinos atingiram US$ 3,5 bilhões.
Para o ex- ministro, o setor de carnes poderia ter um desempenho muito melhor se não fossem os embargos. Ele acredita que a situação vai melhorar no segundo semestre. Pratini espera até o final do ano a suspensão de embargos da Rússia, Ucrânia e União Européia.