Redação SI 23/06/2004 – 06h30 – Os frigoríficos catarinenses estão deixando de embarcar cerca de US$ 1,5 milhão em carne suína por dia para a Rússia, que desde sexta-feira suspendeu a compra de carnes do Brasil devido a um foco de febre aftosa no Pará.
A suspeita, porém, de que a paralisação das exportações pudesse jogar os preços negocia-dos no Estado para baixo não se confirmou ontem, segundo o analista de mercado de carnes do Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Icepa), Jurandi Machado.
“Os preços não caíram. Ao con-trário, notamos uma alta”, disse. O preço mais negociado ontem para o quilo do suíno vivo não tipificado era de R$ 1,98 o quilo na região de Chapecó, valor que poderia chegar até, no máximo, R$ 2,35. Na sexta-feira, o preço mais negociado era de R$ 1,90. ” Na verdade, o preço continua subindo ” , disse Soares Machado. Desde maio, o aumento das exportações e a recuperação do consumo no mercado interno vêm elevando os preços pagos aos suinocultores na região Sul do País.
O secretário da Agricultura de Santa Catarina, Mauro Sopelsa, aguardava, ontem à noite, uma posição oficial do Ministério da Agricultura em Brasília. Sua expectativa era de que a situação poderia ser normalizada hoje ou amanhã. Ele estima que Santa Catarina está deixando de exportar 800 toneladas de carne suína por dia aos russos.
“Por enquanto, os negócios estão sendo prorrogados, mas se passar de uma semana, a cadeia começará a ser prejudicada”, disse Sopelsa. Santa Catarina responde por 80% das exportações brasileiras de suínos à Rússia.
Apesar da embaixada brasileira em Moscou já ter enviado todas as informações técnicas sobre os casos de febre aftosa registrados no Pará, o governo da Rússia ainda não decidiu autorizar a retomada dos embarques de carnes brasileiras. O Ministério da Agricultura espera uma resposta dos russo ainda hoje.
Segundo a Agência Brasil, o Ministério tem como certo que a Rússia suspenderá hoje o embargo às carnes brasileiras. A Rússia responde por 12% das importações de carnes do Brasil. Até maio deste ano foram embarcadas para a Rússia 217,8 mil toneladas de carnes suínas, bovinas e de frango. Em 2003, o país exportou para os russos 612 mil toneladas de carnes, uma receita de US$ 595,2 milhões.