As exportações de carnes somaram US$ 16,644 bilhões em 2014, um valor 3,72% superior ao do ano anterior, conforme os últimos dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC). Os números consideram os embarques totais de carnes de janeiro a novembro mais os volumes de carnes de frango, bovina e suína in natura exportados em dezembro, uma vez que ainda não há dados disponíveis para os itens industrializados, salgados e miúdos do último mês de 2014. A comparação é feita sobre dados similares de 2013.
Levando-se em conta apenas as proteínas in natura, as exportações de carne de frango renderam US$ 6,892 bilhões em 2014, queda de 1,59% na comparação com os US$ 7,003 bilhões do ano anterior, de acordo com a Secex.
Na avaliação do vice-presidente de aves da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, a redução do faturamento com as exportações de carne de frango reflete, em grande medida, a desvalorização do real perante o dólar. “Como o exportador obtém mais reais com a mesma quantia de dólares, o comprador acaba exigindo certa recomposição”, afirma.
Apesar disso, a desvalorização cambial é francamente favorável para os exportadores considerando a receita em reais, ressalta Santin. Conforme cálculos preliminares da ABPA, as exportações de carne de frango (incluindo carne industrializada) cresceram cerca de 7,5% em reais, passando dos R$ 15,7 bilhões registrados em 2013 para R$ 16,2 bilhões no ano passado.
Para além da receita em real, o vice-presidente da ABPA destaca que o volume das exportações de carne de frango in natura cresceu 2014. Entre janeiro e dezembro do ano passado, os embarques do produto brasileiro para o exterior somaram 3,647 milhões de toneladas, crescimento de 2,67% ante as 3,552 milhões de toneladas comercializadas em 2013, de acordo com os dados da Secex.
Segundo Santin, os países que mais contribuíram com o avanço do volume de carne de frango exportado pelo Brasil foram Rússia, China e Venezuela. Ainda que tenha reduzido o ritmo das compras nos últimos dois meses do ano por conta da delicada crise econômica que aflige o país, a Rússia ampliou bastante as importações do produto brasileiro a partir de agosto, quando proibiu as compras dos EUA e da União Europeia em retaliação às sanções impostas aos russos por conta do conflito geopolítico na vizinha Ucrânia.
Além do balanço positivo para as vendas de carne de frango, 2014 também foi favorável para a carne bovina, cujas exportações bateram recorde em receita. Ao todo, os embarques do produto in natura renderam US$ 5,793 bilhões, avanço de 8% na comparação com os US$ 5,358 bilhões de igual período do ano anterior. Já o volume cresceu 3,6% na mesma base de comparação, para 1,227 milhão de toneladas. De maneira geral, a demanda externa segue aquecida, uma vez que há restrições de oferta de carne nos EUA e na Austrália, principais concorrentes do Brasil no comércio exterior da proteína.
Nas exportações de carne suína, os preços internacionais mais altos por conta do vírus da diarreia epidêmica suína, que atingiu o plantel da América do Norte, resultaram em receitas maiores mesmo com queda de volume. Em 2014, as exportações do produto in natura renderam US$ 1,446 bilhão, alta de 7,9%. Já o volume exportado caiu 4,79%, totalizando 418 mil toneladas.