O embargo russo aos estabelecimentos exportadores de carnes do Brasil já fez os embarques de carne de frango para a Rússia caírem 50% em 2011. Nos primeiros nove meses deste ano, o volume exportado foi de 52 mil toneladas, ante as 103,5 mil toneladas registradas no mesmo intervalo do ano passado, conforme dados da União Brasileira de Avicultura (Ubabef).
Com as restrições, em vigor desde junho, as exportações para a Rússia recuaram de uma média mensal de 12 mil toneladas para 3 mil toneladas, queda de 75%, de acordo com o presidente executivo da Ubabef, Francisco Turra, que estimou perdas mensais de US$ 16 milhões. O embargo atinge 47 plantas de carne de frango. Atualmente, apenas 17 plantas estão aptas a exportar para o mercado russo.
Apesar das dificuldades na Rússia, que representava 3,7% das exportações de carne de frango brasileira antes do embargo, a Ubabef prevê um crescimento no volume total embarcado entre 3% e 5% neste ano, alcançando 4 milhões de toneladas, com receitas de US$ 8 bilhões – em 2010, volume chegou a 3,8 milhões de toneladas e a receita foi de US$ 6,8 bilhões. Neste ano, o volume embarcado já soma 2,898 milhões de toneladas até setembro, com receitas de US$ 6,038 bilhões.
Na esteira desse crescimento está o incremento das exportações ao mercado chinês. No acumulado do ano até setembro, os embarques para a China saltaram 67,8%, passando das 88,3 mil toneladas nos primeiros nove meses de 2010 para as 139,9 mil toneladas deste ano. E a expectativa é crescer ainda mais. Com 25 plantas habilitadas para exportar para o gigante asiático, o setor espera obter a autorização de mais 48 plantas.
Ontem, a Ubabef divulgou um estudo sobre as deficiências da infraestrutura logística nacional. O documento, que será entregue ao ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, revela que o setor deve perder US$ 1 bilhão das receitas com exportações em custos de logística neste ano. O volume equivale a 12% dos US$ 8 bilhões esperados para as vendas de carne de frango no ano.
No estudo, que estipulou a meta de reduzir em 2% os custos logísticos já no curto prazo, a Ubabef traz 63 propostas, distribuídas em quatro temáticas: racionalização de processos, portos, ferrovias e rodovias.
“O gargalo logístico é aquele que está mais em nossas mãos”, afirma José Perboyre Gomes, diretor financeiro da Ubabef e coordenador do estudo. Segundo ele, fatores como câmbio e folha de pagamentos, que também prejudicam a competitividade do setor, são temas que dependem de muitas variáveis para serem solucionados. Em logística, afirma ele, “há questões muito simples de resolver”.