A Embrapa apresentou o lançamento do documento “Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira”. O documento de 212 páginas teve a colaboração de aproximadamente 400 colaboradores da Embrapa e instituições parceiras. Foram analisados durante 18 meses sinais e tendências globais e nacionais sobre as principais transformações na agricultura em questões científicas, tecnológicas, sociais, econômicas e ambientais e seus potenciais impactos.
“Visão 2030” terá versão digital e impressa e oferece bases para o planejamento estratégico das organizações públicas e privadas de ciência, tecnologia e inovação (CT&I). O documento traz perspectivas e os principais desafios científicos, tecnológicos e organizacionais baseados em análises do ambiente interno e externo, nacional e internacional. Um dos destaques é a identificação de sete megatendências no agronegócio, onde a publicação pretende explorar aspectos relacionados ao setor, assim como possíveis desafios e oportunidades para o futuro.
Para chegar à identificação das sete megatendências, o trabalho desenvolvido ao longo de mais de um ano, se baseou em sinais e tendências apontados por diferentes setores da sociedade, incluindo atores das cadeias produtivas agrícolas, segmentos da iniciativa privada, do terceiro setor e de outras organizações públicas. Internamente, estudos realizados no âmbito do Sistema Agropensa, da carteira de projetos e do programa de cooperação internacional da Empresa (Laboratórios Virtuais no Exterior – Labex) forneceram os subsídios para as contribuições e análises de pesquisadores e especialistas que atuam nos mais de 40 centros de pesquisa da Embrapa no País.
Impactos, cenários e megatendências: as projeções da pesquisa agropecuária para um futuro sustentável
O Sistema Agropensa da Embrapa vem trabalhando há anos com a análise e a projeção de cenários sobre a evolução e o futuro da agropecuária no Brasil e no mundo. Tendo em vista os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pelas Nações Unidas, o documento lançado este ano – “Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira” – dá continuidade às análises e prospecções futuras consolidadas em duas outras publicações anteriores: “O Futuro do Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira” (2014), e “Cenários exploratórios para o desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira” (2016).
No primeiro estudo foram indicados os cinco eixos de impacto para orientar a atuação futura da Embrapa. No segundo, identificou-se quatro possíveis cenários para a evolução da agricultura do Brasil a médio e a longo prazo. Dialogando com essas prospecções de forma inovadora, esse terceiro estudo aponta sete megatendências delineadas por aspectos científicos, tecnológicos, socioeconômicos, ambientais e mercadológicos emergentes. “Tratam-se de indicadores de forças que se formam de maneira lenta, mas geram consequências que perduram por um longo prazo na agricultura”, explica Edson Bolfe, coordenador do Sistema de Inteligência Estratégica da Embrapa (Agropensa) e da produção do documento.
Além de explorar aspectos específicos que levaram à percepção das sete megatendências, sendo elas: Mudanças Socioeconômicas e Espaciais na Agricultura; Intensificação e Sustentabilidade dos Sistemas de Produção Agrícolas; Mudança do Clima; Riscos na Agricultura; Agregação de Valor nas Cadeias Produtivas Agrícolas; Protagonismo dos Consumidores; e Convergência Tecnológica e de Conhecimentos na Agricultura.
“A partir desses desafios foram feitas análises sobre como poderá ser a agricultura brasileira nos próximos anos. O objetivo é que as análises geradas contribuam para a tomada de decisões estratégicas da Embrapa e parceiros públicos e privados e para o maior desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil”, finaliza Bolfe.
A trajetória e o atual posicionamento da agricultura brasileira frente às tendências e sinais forneceram as premissas para a condução das análises das megatendências. Entre elas, destacam-se o fato de que o Brasil continuará figurando entre os principais protagonistas mundiais na produção e no comércio de grãos e carnes nos próximos anos e a constatação de que a tecnologia foi responsável pelo alcance dessa posição e continuará funcionando como um vetor transformador.
Contribuições da ciência frente aos desafios
Soluções apresentadas recentemente pela Embrapa indicam que a empresa já vem atuando no sentido de responder a alguns das dezenas de desafios apontados pelo estudo. O Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária Brasileira (www.embrapa.br/macrologistica), lançado em março, atende, por exemplo, ao desafio de “Ampliar o uso da inteligência territorial estratégica em ações de governança e gestão pública e privada das cadeias produtivas da agricultura”, apontado pelas análises relacionadas à megatendência “Mudanças socioeconômicas e espaciais na agricultura”.
A Embrapa também indica que sua atuação no sistemas de produção intensivos e sustentáveis, soluções resultantes da pesquisa e técnicas que dispensam o uso de insumos químicos, que integram o conjunto de soluções que fazem frente a desafios impostos pela megatendência “Intensificação e sustentabilidade dos sistemas de produção agrícolas”. Além destes, a Embrapa também auxilia em outros desafios que procuram responder ao estudo. Com informações da Embrapa.