A consolidação das iniciativas de apoio aos países em desenvolvimento no setor de energias renováveis foi uma das diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) nos últimos três anos. Algumas ações de cooperação internacional marcaram a inserção do etanol brasileiro no mundo, como a Conferência Internacional de Biocombustíveis, em novembro de 2008, a primeira etapa do Programa de Cooperação em Energias Renováveis (Prorenova), com seminários de transferência de tecnologia para países africanos e asiáticos, em outubro de 2009, e as duas edições da Semana do Etanol (Ethanol Week), em 2008 e 2009.
O Mapa participou da organização da Conferência Internacional de Biocombustíveis, que reuniu delegados de 90 países e mais de 20 instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o Banco Mundial e a Agência Internacional de Energia. O encontro foi mais uma política de fomento às energias renováveis adotada pelo governo federal, com o envolvimento direto do Ministério da Agricultura.
A primeira etapa de seminários do Prorenova, iniciativa do Mapa com outros órgãos governamentais, incluiu visitas a sete países da África Austral, a maioria com grande potencial para a produção de cana-de-açúcar, considerada a matéria-prima mais eficiente para os chamados biocombustíveis de primeira geração. A cana permite a produção de etanol a baixo custo e o seu bagaço também pode gerar excedentes de energia elétrica, contribuindo para aumentar a segurança energética desses países.
O Prorenova faz parte da estratégia de levar a experiência brasileira na produção e uso sustentáveis dos biocombustíveis aos países da África e Ásia. Na primeira etapa, foi apresentado o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar (ZAECana) como instrumento de ordenamento territorial e de aumento da eficiência produtiva da agricultura, permitindo harmonizar a produção de alimentos e de biocombustíveis com a preservação ambiental.
“O desenvolvimento do mercado de etanol é um dos pilares dessa política que envolve, não apenas as oportunidades para os produtores brasileiros, mas também o fortalecimento das discussões sobre redução de emissões de gases de efeito estufa”, explica o assessor do Departamento de Cana-de-açúcar e Agroenergia do Mapa, José Nilton de Souza Vieira. Ele lembra ainda que a consolidação da cana-de-açúcar, como segunda fonte primária de energia do Brasil, paralelamente ao crescimento da produção, do consumo interno e das exportações de alimentos, pode ser reproduzida em outros países.
A Semana do Etanol, iniciativa conjunta do Mapa e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), apresenta a experiência brasileira com a produção e uso do etanol combustível aos técnicos de governos dos países em desenvolvimento. Participaram da primeira edição, em 2008, mais de 60 delegados de 30 países de idioma espanhol, francês e português e, da segunda, 48 delegados de 19 países de língua inglesa e portuguesa.
De acordo com Vieira, o Brasil tem muito a oferecer e a ganhar com essas cooperações internacionais. Em curto prazo, o objetivo é apresentar o etanol como alternativa para geração de emprego e renda, bem como, para redução dos riscos de segurança energética. “A médio e longo prazos, espera-se que alguns desses países possam se tornar clientes de nossa indústria de equipamentos e de serviços e que ajudem o Brasil na organização do mercado internacional de biocombustíveis”, ressalta.