2013 foi um ano de resultados satisfatórios para a suinocultura brasileira. Ou, na opinião de especialistas da cadeia, um ano de recuperação. 2012 foi um ano difícil para o setor suinícola, devido ao baixo preço pago pelo animal ao longo do ano e ao forte aumento dos custos de produção – resultado do aumento dos principais insumos utilizados na ração do animal, milho e soja. Com isso, apesar da melhora da rentabilidade e da baixa das commodities, 2013 teve resultados apenas razoáveis. No entanto, as expectativas para este mercado no ano de 2014 estão mais otimistas na avaliação de dirigentes de alguns dos principais estados produtores brasileiros.
No Rio Grande do Sul, na avaliação de Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), a situação permanecerá positiva até o final do ano, desde que o produtor tenha cautela em seus investimentos e também na produção. “Começamos o ano com bom patamares de preço, reflexo dos bons resultados do final do ano passado e, principalmente, por conta da oferta e demanda ajustados. Para seguirmos nesse ritmo de rentabilidade, o suinocultor deve ficar atento a sua produção. Não deve elevá-la demasiadamente. Vamos produzir menos para poder ganhar mais”, pontua o dirigente gaúcho.
Em Santa Catarina, o mercado está surpreendendo e os preços de dezembro continuam sendo praticados em janeiro. “Isso demonstra que o mercado se manterá equilibrado no Estado”, opina o presidente da Organização das Cooperativas do Estado (Ocesc) e diretor da Coopercentral Aurora Alimentos, Marcos Antônio Zordan. Losivanio de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), complementa que o mercado estabilizado é resultado também do ajuste de oferta e demanda. “A produção estabilizada em 2013 e o aumento de consumo no início do ano sustenta o alto patamar do preço suíno neste período”, afirma.
O mercado de suínos paulista também iniciou de janeiro com valores estabilizados em relação a dezembro de 2013, no entanto, Valdomiro Ferreira Júnior, presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), sugere cautela aos produtores. “O ano de 2014 é um ano atípico em função de dois grandes eventos (Copa do Mundo e Eleições Presidenciais). Por tratar-se de um ano com essas diferenciações, temos que ter muita cautela na análise dos efeitos e causas na macro economia e consequentemente nos setores primários. A suinocultura especificamente já está dimensionada sua produção para a Copa do Mundo. Não poderemos aumentar ou diminuir essa produção. Ou seja, como a expectativa é de aumento no consumo no período da Copa, acreditamos que o setor suinícola será beneficiado e poderemos ter preços interessantes ao produtor, entretanto, temos que ter o foco no custo de produção, pois ainda teremos um ano de preços (grãos) acima da média histórica”, avalia o dirigente.
A avaliação de Antônio Ferraz, presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), segue a mesma linha dos companheiros dos outros estados. “O ano de 2014 começou de forma bastante positiva para a suinocultura mineira. O mercado permanece firme apesar de fatores como o calor e as tradicionais férias escolares e isso se deve a lei da oferta e procura e também às exportações que seguem seguras com perspectiva de aberturas de novos mercados. A expectativa é que tenhamos um mercado comprador no decorrer de todo o ano, especialmente no período da Copa do Mundo, quando deverá haver o incremento do consumo da proteína”, comentou.
Por fim, o cenário positivo também é vislumbrado no mercado capixaba. Nélio Hand, secretário executivo da Associação dos Suinocultores do Espírito Santo (Ases), acredita que alguns dos fatores que proporcionaram este contexto foram o aumento no consumo interno e um equilíbrio maior da oferta e demanda, o que ocasionou em rentabilidade aos suinocultores. “Diferente de outros anos, o preço do suíno no Espírito Santo não caiu em janeiro, como é esperado que aconteça, devido as elevadas vendas de final de ano. Sendo assim, esperamos ter em 2014 um mercado firme e estabilizado, onde a produção de suíno não tenha sobras nem faltas excessivas”, argumenta. “No entanto, temos que nos preocupar com o mercado de insumos, pois apesar de existirem estimativas de aumento da produção de milho e soja no país, o mercado é especulativo e o Espírito Santo enfrenta grandes entraves para o abastecimento, que para o produtor capixaba tem apresentado um valor superior a 10% em relação a outros estados quanto ao custo final. Com isso, temos que acompanhar de perto esse mercado”, finaliza o representante do ES.