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Insumos

Escalada de commodities agrícolas continua

Em novembro, apenas trigo e cacau tiveram cotações médias menores que em outubro nas bolsas americanas.

Escalada de commodities agrícolas continua

Problemas ou incertezas na oferta, demanda firme e movimentos financeiros que mantiveram o dólar enfraquecido diante de outras moedas voltaram a determinar a valorização da maior parte das commodities agrícolas negociadas pelo Brasil no mercado internacional em novembro.

Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente as de maior liquidez) mostram que, entre os produtos referenciados na bolsa de Chicago, soja e milho voltaram a subir no mês passado em relação a outubro, enquanto o trigo caiu pouco. Em Nova York, balizadora global das chamadas “soft commodities”, só o cacau não aproveitou a onda positiva. Açúcar, café, suco e algodão tiveram altas. Com as variações, o cacau passou a ser a única das oito commodities do levantamento que não aparece com variações positivas acumuladas em 2010 e em 12 meses.

“O foco [do mercado financeiro global] está muito direcionado às moedas. Insumos básicos, as commodities são muito suscetíveis a essas oscilações. Afinal, é o mundo todo corrigindo preços”, afirma Silas Costa, da CapitalPlus Gestão de Ativos. Ele lembra que produtos como soja e milho, que são mais negociados, servem também como hedge diante de turbulências financeiras, o que acaba atraindo mais investimentos, inclusive especulativos.

Dos grãos básicos para alimentos e rações mais transacionados, a soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, foi o que mais subiu em Chicago em novembro. A cotação média da oleaginosa foi 7,42% maior no mês do que em outubro, o que ampliou para 21,17% a alta na comparação com a média de dezembro e fez com que o salto sobre outubro do ano passado alcançasse 24,25%.

Renato Sayeg, da Tetras Corretora, observa que os fundamentos “altistas” estão firmes e tornaram-se mais frequentes em novembro dias de valorizações do dólar e do grão, o que não costuma ser comum. Em meio aos movimentos financeiros, o enfraquecimento da moeda americana eleva a competitividade das commodities exportadas pelos EUA, daí a lógica indicar direções opostas no caso de fundamentos mais frouxos.

Mas adversidades climáticas afetaram as colheitas no Hemisfério Norte – na Rússia sobretudo, mas também nos EUA, onde as produtividades de soja e milho ficaram abaixo do previsto -, as safras que estão sendo plantadas no Hemisfério Sul estão ameaçadas pelo La Niña e a demanda da China segue firme, apesar das preocupações em torno de uma eventual desaceleração no país, também ligadas à inflação. Há meses no radar da FAO, o braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, a inflação dos alimentos já é um problema em diversos países do mundo, o Brasil entre eles.

“No mercado”, afirma Sayeg, “já é forte a expectativa de que a China vá importar mais do que o estimado nesta safra 2010/11”, diz ele. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), rico em estatísticas e projeções e um dos termômetros mais importantes para previsões de oferta e demanda de produtos agrícolas no mundo, estima as importações chinesas em 57 milhões de toneladas, e Sayeg diz já há estimativas mais próximas de 60 milhões.

Assim, pondera, enquanto a China pode determinar um aumento da demanda mundial, qualquer problema na oferta da América do Sul nos próximos meses poderá tornar o quadro de abastecimento ainda mais apertados do que está e causar novos aumentos de preços internacionais.

A mesma preocupação com a oferta no Hemisfério Sul ajuda a sustentar as cotações do milho, cujo preço médio em Chicago foi 1,55% superior ao de outubro, mas, depois do pânico que se seguiu à quebra da safra na Rússia, já é menor no caso do trigo – que recuou 1,36% na bolsa no mês passada, sempre na comparação dos preços médios.

Negociado em Nova York, o algodão liderou as altas em novembro, com salto de 17,07% no preço médio, e também firmou-se como a agrícola que mais subiu até agora no ano (69,6%) e em 12 meses (76,3%). A demanda chinesa colabora para a sustentação, e houve problemas em safras de exportadores. No açúcar, a redução da safra de cana no Brasil ajudou para a alta de 7,1% registrada, adversidades climáticas brasileiras e vietnamitas colaboraram para um salto de 8,54% do café e no suco de laranja as reduções das safras da fruta na Flórida e em São Paulo influenciaram o ganho de 2,68%.