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Logística

Especialistas mostram soluções para o caos logístico no acesso ao Porto de Santos

Coordenador da USP aposta em ferrovias e realocação portuária. Técnicos querem direcionar cargas para outros portos e especializar o cais.

Especialistas mostram soluções para o caos logístico no acesso ao Porto de Santos

Dois especialistas no setor portuário apresentaram, na manhã desta terça-feira (27), soluções para o problema dos acessos ao Porto de Santos, no litoral de São Paulo, durante o Santos Export – Fórum Internacional para Expansão do Porto de Santos. Eles propuseram soluções diferentes, incluindo a maior utilização de ferrovias, uma realocação portuária e também sugestões de âmbito nacional, como a desconcentração de cargas, direcionando material para outros portos.

Os congestionamentos na área portuária e nas rodovias vem causando transtornos tanto para os empresários do setor como para a população da Baixada Santista. Dois especialistas mostraram estudos e sugeriram soluções diferentes para o problema do acesso ao Porto do Santos.

O coordenador do Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária da USP, Rui Botter, apresentou um estudo sobre o futuro do Porto de Santos. Em 2024, a previsão é que se movimente 195 milhões de toneladas, podendo chegar a 229,7 milhões em uma previsão otimista.

Daqui a 11 anos, seria fundamental que a participação das ferrovias no transporte das cargas chegasse a 61%, contra os atuais 15%. Para o especialista, com base em estudos, uma das soluções para o acesso com o aumento de capacidade é o ferroanel, que é um projeto feito na década de 50 e que liga o norte ao sul do país e que ainda está longe de ser concluído.

Por isso, ele também sugere duas soluções de longo prazo, a realocação portuária para a região da margem esquerda, incluindo barnabé-bagres, e o o Porto na direção off-shore. A primeira ideia tem ligação direta com os moradores da Baixada Santista, principalmente, de Guarujá. “A gente ia ter uma via exclusiva para o Porto, sem impacto para a população. Essa realocação portuária é algo parecido com o que fizeram em outros portos no mundo. Liberar grandes áreas, criar bairros para a população, estudar esse remanejamento de pessoas e terminais, realocar terminais para a margem esquerda. Faríamos uma grande reformulação na parte esquerda com vias de acesso restritas para o porto”, explica ele. Segundo Botter, as ideias são baseadas em pesquisas que podem ser utilizadas para um planejamento de longo prazo. Para isso, é preciso um plano integrado com todos os municípios da Baixada Santista, cooperação entre governos federal e estadual e a integração entre ministérios. “São ideias da academia que não são ideias para amanhã mas, são ideias para se pensar”, afirma.

Já Paulo Tarso Vilela de Resende, doutor em Planejamento de Transporte e Logística pela University of Illinois at Urbana Champaign-EUA, Professor na Fundação Dom Cabral, tem outra opinião. Para ele, é preciso expandir essa visão para o Brasil. “O que o Porto de Santos vive é o reflexo que o Brasil impõe ao Porto de Santos, tanto como o crescimento de demanda como no crescimento desordenado logisticamente. A melhoria dos acessos ao Porto de Santos dependerá de uma logística que está além da serra, que está no interior do Brasil”, explica.

Para Resende, é necessário contar com armazéns nas cidades do interior. Ele também acredita na especialização de cargas no Porto de Santos e na distribuição de cargas para outros portos do país. “Redistribuição, desconcentração portuária brasileira, que está para acontecer. Saímos de um circulo de baixo valor agregado pra um círculo de alto valor agregado”, diz. Segundo ele, o mesmo sistema foi implantado no Porto de Hamburgo.

Resende também comentou que seria fundamental implantar plataformas logísticas, aumentar a eficiência portuária e que é importante pensar em plataforma multimodais, ou seja, sem considerar a segregação de ferrovias e rodovias. Além disso, ele aposta no agendamento de cargas desde a orgiem, principalmente, para a questão dos grãos.