A abertura do mercado mexicano para a carne de frango do Brasil, esperada para os próximos 20 dias, pode elevar em até 4% as exportações do produto neste ano em comparação com as 3,917 milhões de toneladas embarcadas em 2012, disse ontem o diretor de mercados da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Ricardo Santin, na apresentação do resultados dos embarques no semestre.
Conforme Santin, dois frigoríficos brasileiros, um da Seara e outro da Tyson, ambos em Santa Catarina, já foram aprovados pelo governo do México, e o início das vendas só depende da assinatura do acordo sanitário entre os dois países.
Sem o México, que abriu uma cota global de importação de 300 mil toneladas por conta do surgimento de focos de gripe aviária em seu território, a previsão da Ubabef para as exportações brasileiras foi revista de até 3% para até 2% de crescimento, em função da média observada no primeiro semestre, disse Santin. Ele calcula que o Brasil pode vender até 120 mil toneladas se as sete plantas visitadas pelos mexicanos forem habilitadas.
De acordo com a Ubabef, os embarques brasileiros de carne de frango no primeiro semestre do ano atingiram 1,890 milhão de toneladas e US$ 4,093 bilhões, com queda de 4,9% em volume e alta de 7,2% em valor, respectivamente, na comparação com o mesmo período de 2012. Considerando todo o setor avícola (inclui ovos, material genético, ovos férteis, perus, patos e gansos), as exportações recuaram 5,7% em volume, para 1,977 milhão de toneladas, e cresceram 5,5% em receita, para US$ 4,381 bilhões.
A entidade projeta que a produção nacional de carne de frango ficará entre 12,3 milhões e 12,5 milhões de toneladas este ano, um pouco abaixo das 12,6 milhões de toneladas de 2012 em função do menor alojamento de matrizes de corte no ano passado.
Para o presidente da entidade, Francisco Turra, o aumento sazonal do consumo de carne de frango no segundo semestre nos mercados interno e externo, combinado com uma expansão menos intensa da oferta, tende a deixar o mercado mais “enxuto” e “ajustado” no fim do ano. “O consumidor não deve esperar o refresco na oferta como no fim do ano passado, nem os importadores devem esperar entregas a preço vil”, disse o executivo.
Segundo Turra, o cenário deve contribuir para a recuperação da rentabilidade de produtores e indústrias, comprometida pela alta dos preços do milho e do farelo de soja no ano passado. Santin disse que a recomposição “tardia” das margens perdidas pela indústria em 2012 já se refletiu nas exportações no primeiro semestre. No período, o preço médio da carne de frango exportada subiu 12,7% ante igual intervalo de 2012, para US$ 2.166 a tonelada.
No mercado externo, o crescimento da demanda deve ser puxado pela China, pela esperada recuperação – ainda que modesta – da economia europeia e pela abertura do México, acrescentou Santin. “Com isso vamos chegar a uma produção mais ajustada à demanda no fim do ano”. Segundo ele, a produção de aves natalinas, que ficam mais de 60 dias nos aviários contra 35 a 42 dias dos frangos, também contribui para a redução da oferta neste semestre.
Ainda em relação ao mercado externo, a Ubabef informou que está preparando a abertura de um painel contra a Indonésia na Organização Mundial de Comércio (OMC) para questionar a resistência do país em abrir o mercado para a carne de frango do Brasil. A entidade já contratou advogados para preparar o processo, que deve ser apresentado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) até o fim do ano, segundo Turra. Ele atribui a resistência ao produto brasileiro a interesses de setores do governo local.
Segundo ele, a Indonésia, com 250 milhões de habitantes, tem uma produção anual de 1,8 milhão de toneladas de carne de frango e um consumo per capita anual de 6,5 quilos. Para 2022, a projeção é de uma produção local de 2,4 milhões de toneladas e um consumo per capita anual de 7,8 quilos.