Os preços do gado bovino e suíno nos Estados Unidos estão próximos dos seus níveis mais baixos nos últimos anos, enquanto os frigoríficos produzem o maior volume de carne já registrado.
A queda de 9,2% nos preços dos contratos futuros de suínos ocorrida semana passada na Bolsa Mercantil de Chicago (CME) foi uma reviravolta marcante no que tinha sido o melhor mercado de commodity no primeiro semestre, graças às fortes exportações americanas para a China.
“Os mercados pecuários levaram uma grande surra no último mês”, diz Craig VanDyke, analista da Top Third Ag Marketing, uma consultoria de Chicago especializada em agricultura. “É realmente assustador.”
Os futuros de suínos para outubro, enquanto isso, caíram 0,2% na segunda-feira, com a cotação fechando no seu menor valor em sete anos, a 48,925 centavos de dólar. Ontem, a cotação recuou mais 0,6%, para 48,625 centavos de dólar por libra-peso.
Os receios quanto ao excesso de oferta no mercado americano de carne, frango e outros produtos agrícolas vêm crescendo. Os produtores devem enviar um número recorde de porcos e frangos aos abatedouros neste ano, enquanto a produção de carne cresce rapidamente. Os produtores de leite, por sua vez, estão deixando estragar o excesso do produto nas suas fazendas, com os armazéns já repletos de queijo. Além disso, os produtores de milho, soja e trigo devem registrar, nos próximos meses, o quarto ano consecutivo de colheitas abundantes.
Na sexta-feira, o Departamento de Agricultura dos EUA informou que o tamanho do rebanho de suínos no país em 1º de setembro chegava a 70,851 milhões de cabeças, o maior da história nesse período do ano. O número supera a estimativa feita pelo The Wall Street Journal em uma pesquisa com analistas, que apontava para 69,946 milhões de animais.
O dado mostra que os produtores responderam com uma ampliação do seu rebanho aos altos preços e às margens lucrativas que o mercado vinha oferecendo nos últimos meses— antes de os preços despencarem para os níveis mais baixos dos últimos anos.
O rebanho suíno nos EUA continua crescendo, apesar de o potencial de lucro para muitos produtores ter evaporado e a demanda por exportações ter desacelerado. “Nós temos muita carne e não estamos nos mexendo o quanto deveríamos”, diz VanDyke said.
Parte do problema é a limitação biológica dos produtos pecuários: a gestação de porcos dura cerca de quatro meses. As condições do mercado podem mudar drasticamente desde o momento em que o produtor decide expandir sua produção até os animais estarem prontos para ir ao mercado.
Na semana até 1º de outubro, os frigoríficos produziram 230,9 mil toneladas de carne, 5,5% a mais que no mesmo período do ano passado. No ano, a produção acumula crescimento de 4,7% em relação à registrada em 2015 no mesmo período.