A estiagem fez com que mais de 60% das usinas da região Centro-Sul do país adiassem a moagem da cana-de-açúcar no início da safra 2014, afirma o representante regional da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em Ribeirão Preto (SP), Sérgio Prado. Com uma sobra estimada em 20 milhões de toneladas na safra anterior, a expectativa inicial era de que seria possível antecipar a produção de etanol e açúcar para março, mas o clima seco não ajudou e fez com que a moagem comece em abril.
A Unica, entretanto, não prevê que a mudança atrapalhe o balanço final da colheita e da produção – a previsão oficial somente será divulgada no próximo mês – embora alegue que, anualmente, o setor continua a enfrentar problemas com endividamento decorrentes, segundo a entidade, da baixa remuneração que a venda do etanol proporciona às usinas.
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No resultado acumulado de todo 2013, as unidades do Centro-Sul moeram 594,10 milhões de toneladas de cana, 11,82% a mais em relação ao ano anterior. A moagem se converteu na produção de 25,37 bilhões de litros de etanol e de 34,27 milhões de toneladas de açúcar.
As chuvas em novembro e dezembro ajudaram na produtividade dos canaviais e geraram um excedente de 20 milhões de toneladas, que criou uma expectativa inicial de que seria possível antecipar a safra 2014, segundo Prado. A falta de precipitações em janeiro e fevereiro deste ano, no entanto, obrigou os produtores a esperarem o ponto ideal da colheita em abril. “Houve uma estiagem e isso leva a um atraso no crescimento da cana, se perde produtividade por hectare. Vamos quantificar isso em abril” afirma o representante da Única, que das 300 usinas em funcionamento no Centro-Sul estima ter apenas dez com moagem antecipada.
Prado também afirma que o saldo de moagem desta safra não será afetado, graças a uma capacidade instalada de processamento de aproximadamente 650 milhões de toneladas considerada suficiente. “Como havia uma capacidade instalada ociosa, não há prejuízo para o processamento da cana.”
Mecanização
De acordo com Prado, a principal novidade desta safra é o fim, estabelecido por lei, da queima da palha da cana em 90% das lavouras do Estado de São Paulo, mudança que, além do benefício ambiental, pode gerar mais produtividade no campo com a mecanização na colheita. “Deixar parte da palha no campo é positivo do ponto de vista da fertilidade do solo, porque se deixa lá um nutriente. O segundo fator econômico é que, no futuro, embora ainda não haja um modelo desenvolvido, a palha será um componente importante, se usará sua biomassa para gerar mais etanol.”
Endividamento
A Unica alerta ainda que, apesar da capacidade instalada suficiente para este ano, as indústrias do setor permanecem prejudicadas pela baixa remuneração do etanol e suscetíveis ao endividamento. Desde 2008, 40 usinas da região Centro-Sul fecharam. “O setor vive um endividamento muito elevado e a cadeia tem uma remuneração aquém de sua necessidade”, diz Prado.