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Estímulo para exportar orgânicos

<p>O presidente da Apex diz que a agência está estimulando a participação dos produtores em feiras e eventos e estão sendo contactadas empresas na Alemanha e no Japão para que venham investir na industrialização de orgânicos no Brasil.</p>

Da Redação 23/06/2005 – O paranaense Arthur Passos, já criou coelho e produziu caqui em uma área de cinco alqueires em Campina Grande do Sul, na Grande Curitiba. Há três anos decidiu investir em produtos orgânicos e, junto com mulher e filhos, começou a preparar geléias com as frutas cultivadas, como caqui, morango, uva, goiaba e amora. Hoje faz cerca de 500 vidros de geléia por dia e prepara-se para entrar no mercado externo. “Estou de namoro antigo com outros países e deve sair casamento”, brinca.

Passos é dono da Quina Amarela, uma das 12 empresas de micro, pequeno e médio portes do Paraná que farão parte do projeto “Orgânicos Brasil”, que visa ampliar as exportações desses produtos. O projeto começa hoje, quando será assinado em Curitiba acordo entre Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex), Instituto Paraná Desenvolvimento (IPD) e Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), que resultará na aplicação de R$ 1,8 milhão para prospecção de mercado, treinamento e promoção comercial na Alemanha, Inglaterra, Itália, França, Suíça, Canadá, Estados Unidos e Japão. Em 12 meses, mais 38 empresas, de diversos estados, serão agregadas.

O presidente da Apex, Juan Quirós, diz que a agência está estimulando a participação dos produtores em feiras e eventos e estão sendo contactadas empresas na Alemanha e no Japão para que venham investir na industrialização de orgânicos no Brasil. “Não queremos vender commodities”. Segundo ele, esse mercado movimenta cerca de US$ 25 bilhões por ano e o cultivo ocupa 26 milhões de hectares em 120 países.

Os números do Brasil ainda são modestos: cerca de US$ 115 milhões em embarques ano passado, 800 mil hectares de área e 30 tipos de produtos. Mas enquanto o consumo mundial cresce entre 15% e 25%, por aqui o aumento de volume é de 30% a 50% ao ano. O Paraná, maior produtor, tem 300 mil hectares com orgânicos e ampliou o cultivo em cerca de mil por cento nas últimas seis safras, segundo os organizadores do projeto.

A possibilidade de receber mais pelo produto tem sido um dos principais atrativos do investimento. O ganho médio de quem opta pelos orgânicos é 25% maior que no cultivo convencional. No entanto, lembra Ming Liu, do IPD, é preciso levar em conta as perdas na produção e a necessidade de obter certificação internacional para entrar no mercado externo.

As 12 empresas selecionadas para o projeto já exportam ou se preparam para isso e trabalham com cachaça, açúcar mascavo, cereais, frutas, mandioca, café, erva-mate, feijão, geléias, peixe e outros itens. A expectativa das instituições envolvidas no projeto é de que essas e as outras que serão selecionadas exportem pelo menos US$ 6 milhões em um ano. Entre as ações previstas está a criação de um selo para identificar os produtos nas prateleiras estrangeiras.

Pensando no crescimento dos negócios, Passos, da Quina Amarela, prepara-se para ocupar mais quatro alqueires com orgânicos. A certificação internacional é esperada para os próximos dias. Mesmo antes disso, o produtor enviou amostras do que vende no Brasil para cinco países, e suas geléias estarão na Galerias Lafayette, em Paris, em agosto. “Éramos agricultores. Passamos a ser industriais”, diz.

Outro que está empolgado com a possibilidade de elevar as exportações é Marcos Venera, que produz gengibre, mel, própolis e café orgânico, no litoral paranaense. Ele não vende no Brasil e já fez embarques para o Japão, Canadá e Itália. Do noroeste sai o açúcar mascavo da Ecoçúcar. “Hoje são feitas seis toneladas por dia e a idéia é aumentar para 10 toneladas”, diz a consultora de comércio exterior Alethea Macena, que negocia o envio do segundo lote para a Coréia.