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Economia

ETH Bioenergia registra prejuízo de R$ 793 milhões na safra 2011/12

Trata-se de um aumento de 133% em relação à perda de R$ 338,91 milhões do ciclo anterior.

ETH Bioenergia registra prejuízo de R$ 793 milhões na safra 2011/12

A ETH Bioenergia, unidade de açúcar, álcool e energia do grupo Odebrecht, amargou um prejuízo de R$ 793,05 milhões no exercício referente ao ano-safra 2011/12, encerrado em 31 de março. Trata-se de um aumento de 133% em relação à perda de R$ 338,91 milhões do ciclo anterior. No período, a receita líquida da companhia cresceu 64,96%, de R$ 878,37 milhões para R$ 1,45 bilhão, impulsionada pelo aumento da produção.

Na safra 2011/12, a ETH processou 13 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, um aumento de 44% em relação à safra anterior. Ao todo, foram produzidos 944 milhões de litros de etanol (entre anidro e hidratado) e 180 mil toneladas de açúcar.

No entanto, os custos de produção também cresceram, 67%, passando de R$ 831,21 milhões em 2010/11 para R$ 1,38 bilhão na safra 2011/12. Marcelo Mancini, vice-presidente comercial e de negócios internacionais da ETH, disse ao Valor que os custos mais altos refletem a expansão da capacidade ociosa na última temporada.

Com o início das atividades em duas novas usinas, Costa Rica (MS) e Água Emendada (GO), a ETH já pode esmagar 36 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em suas nove plantas, um crescimento de aproximadamente 8 milhões de toneladas em apenas uma temporada. Na atual safra, a 2012/13, esse número deve chegar a 40 milhões de toneladas.

“Nossa capacidade instalada já atingiu um nível compatível com a produção esperada para a safra 2014/15. Como 70% dos nossos custos são fixos, os custos unitários de produção crescem muito”, explica Mancini. Segundo ele, a ETH espera esmagar 20 milhões de toneladas na safra 2012/13, volume que deve gerar uma receita de R$ 2,6 bilhões.

Já as despesas financeiras saltaram 126,53%, de R$ 320,33 milhões para R$ 725,67 milhões, no último exercício. De acordo com Mancini, o aumento reflete as dívidas contraídas para financiar os últimos investimentos.

Ao fim do exercício, a empresa devia R$ 1,67 bilhão em empréstimos e financiamentos de curto prazo (vencimento em até 12 meses), um crescimento de 111% em relação aos R$ 794,70 milhões devidos ao fim da safra 2010/11.

A empresa, que nos últimos anos investiu R$ 8 bilhões na compra e construção de usinas, possui ainda uma dívida financeira de R$ 6,42 bilhões de longo prazo (vencimento até 2028). Em 31 de março, a empresa possuía R$ 242,35 milhões em caixa, além de estoques avaliados em R$ 624,08 milhões.

Mancini afirma que a dívida não preocupa e pode ser paga com a receita da produção, que deve praticamente triplicar nas próximas três safras. “Cerca de 80% da nossa dívida é de longo prazo e uma parcela muito pequena está atrelada ao dólar. Além disso, não temos qualquer dificuldade de acesso a crédito”, garante o executivo.

A ETH corre para ampliar os canaviais e aumentar sua oferta de matéria-prima. Na última safra, a empresa cultivou mais 100 mil hectares, elevando sua área plantada para 300 mil hectares. Outros 120 mil devem ser cultivados já na safra 2012/13, segundo Mancini.

A empresa precisa atingir 570 mil hectares para fazer frente à sua capacidade de moagem. Para atingir a meta, a ETH também tenta estimular produtores da região a ampliar seus canaviais.