Redação (19/09/2008)- "Há anos a gente brincava que o nosso produto de exportação número um era o ar da Califórnia", comenta no jornal Los Angeles Times Eric Harris, executivo de primeiro escalão da administração do porto de Los Angeles, para, em seguida, acrescentar que "finalmente, neste ano, o número de contêineres lotados de mercadorias que estamos exportando é maior do que aqueles que importamos".
O forte movimento nas exportações dos dois maiores portos comerciais dos EUA, de Los Angeles e de Long Beach, é fato, apesar do aumento das importações durante o mês de julho deste ano, evolução que foi atribuída à explosão do preço de petróleo.
Neste período o déficit comercial foi ampliado ao mais alto nível dos últimos 16 meses, conformando-se em US$ 62,2 bilhões, com alta de 5,7%. De acordo com dados da Secretaria de Comércio, as importações aumentaram 3,9%, para US$ 230,3 bilhões. Mas US$ 42,6 bilhões foram gastos para compra de petróleo.
A alta de preço do combustível ofuscou, como era de se esperar, a vantagem da economia norte-americana com o aumento das exportações em 3,3%, para US$ 168,1 bilhões. Por outro lado, as exportações do segundo trimestre registraram a maior contribuição ao PIB do país nos últimos 28 anos.
A demanda externa por automóveis norte-americanos, aviões e equipamentos tecnológicos tem, realmente, aumentado por causa da grande desvalorização do dólar, tornando estes produtos mais baratos. Nos últimos cinco anos, a moeda norte-americana foi desvalorizada em 24% contra o euro.
Importações em baixa
Fontes do mercado prevêem desaquecimento de consumo nos EUA, pressionados pela mais de dois anos queda do mercado de imóveis e pela crise de crédito que já dura um ano. Simultaneamente, o crescente movimento das exportações nos portos comerciais dos EUA revela um outro aspecto do crescimento norte-americano, assim como se conformou no segundo trimestre.
Neste período, especificamente, o déficit comercial despencou ao mais baixo nível dos últimos sete anos, fortalecendo o PIB do país em 2,42%. Diferentemente, o ritmo de crescimento teria se contraído em 0,5%, superando o correspondente 0,2%, anunciado pela Agência Européia de Estatística (Eurostat) sobre as 15 economias da Zona do Euro.
Tanto no porto comercial de Long Beach, quanto no de Los Angeles avalia-se que o volume das importações evoluirá no vermelho pelo segundo ano consecutivo. Situação análoga havia sido registrada nos EUA há 30 anos.
Reservas, contudo, existem sobre a robustez das exportações, em decorrência de fortes sinais de fadiga apresentados tanto pela economia norte-americana, quanto pela européia.