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EUA e Brasil criam a "Alca light"

Proposta prevê grande flexibilidade para os temas controversos, além de acordos bilaterais.

Da Redação 20/11/2003 – 04h00 – A proposta de criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) prevê um nível de flexibilidade alto para a negociação de temas controversos, como os subsídios agrícolas e as patentes. O rascunho da “Declaração de Miami”, que será discutida hoje e amanhã com ministros dos 34 países do continente (com exceção de Cuba) está sendo chamado de “Alca light”, porque prevê um nível de baixo de compromissos e permite que cada país negocie de forma separada aspectos mais complicados.

Assim, cada país poderia aumentar seu compromisso de liberalização mediante acordos bilaterais ou multilaterais.

O ministro das Relações Exterior do Brasil, Celso Amorim, disse ontem que está satisfeito com a manutenção da proposta que Brasil e EUA elaboraram para a criação da Alca.

O brasileiro explicou que, se aprovada, a proposta irá permitir a Alca sem impor um “traje único” aos países. A proposta foi feita pelo chanceler brasileiro e pelo representante de Comércio Exterior dos EUA, Robert Zoellick.

A Alca “à la carte”, segundo Amorim, leva em conta a situação das economias menores do continente, que estariam em desvantagem na negociação de um acordo geral. “Somos países muito diversos. Há nações que têm 90% de seu comércio com os EUA e esse não é o caso do Brasil nem do Mercosul, que têm apenas 25% e que têm grande parte de seu comércio com Europa e outros países da América Latina”, disse o ministro brasileiro.

Chanceler descarta fragmentação do bloco

Amorim disse ainda que essa estratégia é “mais prática” e que cria uma Alca “com um espírito de flexibilidade e equilíbrio”. Amorim afirmou também que “no comércio, a monogamia não é uma virtude”, e descartou que essa fórmula resulte em uma fragmentação da Alca.

Ele avaliou que em um primeiro momento o governo brasileiro não deve abrir negociações em separado com os EUA, já que o objetivo do governo Lula é fortalecer primeiramente o Mercosul e, depois, fazer negociações com outros países. O chanceler mostrou satisfação com o resultado das rodadas de negociação.