Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Bovinos

EUA líder em bovinos

Estados Unidos superam o Brasil e lideram as exportações de carne bovina. Abate de matrizes resultará em menor oferta de carne no futuro.

O Brasil perdeu, para os Estados Unidos, o posto de líder nas exportações de carne bovina. De janeiro a julho, os americanos exportaram 1,7% mais do que os frigoríficos instalados no país.
Nos primeiros sete meses de 2011, a pecuária norte-americana faturou US$ 3,06 bilhões, ante receita de US$ 3,01 bilhões obtida pelos brasileiros no mercado externo, segundo dados da  Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Bovina (Abiec).
Em volume, a vantagem dos EUA é mais evidente. Eles exportaram 741,3 mil toneladas no período, número 18% superior às 627,6 mil toneladas embarcadas pelo Brasil.

Vários fatores explicam a mudança no topo do ranking. Por aqui, o câmbio e o alto custo de produção -impulsionado pelo aumento da arroba do boi- contribuíram para que as empresas brasileiras perdessem mercado.
“Os grandes frigoríficos não têm muito estímulo para exportar. A rentabilidade não compensa”, afirma José Vicente Ferraz, diretor técnico da Informa Economics FNP. Já nos EUA, a carne bovina ficou mais barata como reflexo da crise econômica, pois não há espaço para aumentar os preços ao consumidor.
Com a rentabilidade prejudicada, os produtores começaram a abater matrizes (fêmeas), normalmente retidas para procriação. Com as vacas abatidas, aumentou a disponibilidade de carne bovina no país, o que tornou o produto para exportação mais competitivo. Neste ano, a seca que atingiu muitas áreas de pecuária nos EUA também estimulou o abate de matrizes. Na média deste ano, as vacas já representam 19% do descarte total de animais nos EUA.
“Os EUA estão conseguindo acessar mercados que antes eram inviáveis para eles por conta de preço, como a Europa e até o Egito”, diz Fernando Sampaio, diretor-executivo da Abiec.
Apesar de dar a volta por cima após a ocorrência de vaca louca em 2003 e desbancar o Brasil do topo -posição que o país ocupava desde 2004-, as perspectivas não são animadoras para a pecuária americana. A tendência é de alta nos custos de produção, com o aumento do uso do milho para produção de etanol. Como a engorda dos bovinos termina nos confinamentos nos EUA, o milho é um importante insumo para a pecuária.
Além disso, o abate de matrizes de hoje vai resultar em menor oferta de carne no futuro. O Brasil, que promoveu um grande descarte de fêmeas entre 2005 e 2007, até hoje sofre as consequências. “A fatura vai aparecer daqui há algum tempo”, diz Ferraz. “A liderança dos EUA não é eterna. É uma situação circunstancial de mercado que não se sustenta no longo prazo, diz Sampaio.