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Economia

EUA reclamam na OMC contra aumento de tarifas no Brasil

Os EUA acusaram Brasil e Argentina de quebrarem compromisso internacional com a elevação das barreiras às importações num momento que Washington considera delicado para a economia mundial.

O governo dos Estados Unidos acusou o Brasil e a Argentina de quebrarem compromisso internacional com a elevação das barreiras nas importações, ainda mais num momento que Washington considera especialmente delicado para a economia mundial.

O embaixador americano na Organização Mundial de Comércio (OMC), Michael Punke, disse que os EUA estão “extremamente preocupados” em ver a ação do Brasil e Argentina, estimando que isso complica ainda mais esforços de negociação em Genebra para desbloquear a Rodada Doha.

“Estou perplexo porque eles estão se movendo nessa direção”, afirmou ontem, numa coletiva à imprensa, em Genebra. Sem surpresa, o representante americano considerou “extremamente desapontador” o anúncio pelo Brasil de elevar em 25% as alíquotas de importação de cem produtos, incluindo siderúrgicos, autopeças, pneus e químicos. Para Punke, o que o Brasil e a Argentina estão fazendo é “inconsistente com os compromissos no G-20”, dos quais fazem parte, para evitar novos obstáculos ao comércio internacional.

Os americanos dizem não entender como Brasília impõe mais taxa sobre químicos, por exemplo, levando em conta que isso vai causar custos adicionais para produtores brasileiros.

Exportadores dos EUA estão sentindo mais dificuldades. Suas exportações caíram 1% no mês passado, depois de queda de 1,2% no mês anterior. As vendas para a zona do euro caíram 6,6% na comparação com o mês anterior e se estagnaram para a China.

Por sua vez, o embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo, defendeu a medida brasileira. “Todos, em algum momento, adotam medidas que não são do gosto dos parceiros comerciais. Há países que nessa situação de dificuldades econômicas estão caminhando na direção de aumento dos dispêndios de subsídios distorcivos em agricultura, que causarão prejuízos ainda maiores aos agricultores brasileiros”, disse, em referência a futura Lei Agrícola dos EUA.

Azevedo reiterou ontem que as medidas brasileiras estão dentro das regras acertadas na OMC. “Não há motivo para nenhuma reclamação da parte de qualquer país.”

O Itamaraty também minimizou a queixa de Punke. “É uma manifestação isolada e não reflete a boa relação e o entendimento dos dois governos em questões econômicas, financeiras e comerciais”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Tovar Nunes.

O Itamaraty classifica a relação com os EUA como a “mais densa” entre os interlocutores do Brasil. Somam 18 os mecanismos de diálogo em temas variados. Em reuniões informais, os dois países vêm, ainda, discutindo que fazer em relação ao contencioso do algodão, pelo qual a OMC determinou serem ilegais os subsídios americanos ao setor e autorizou o Brasil a retaliar, caso não sejam retirados. Para os diplomatas brasileiros, o tom acusador adotado por Punke é comum em discussões na OMC, mas não reflete as conversas mantidas pelos dois governos.

Enquanto os EUA planejam levantar o problema em algum comitê normal na OMC, para marcar sua posição sobre a alta de tarifas no Brasil, no caso da Argentina os americanos deflagram diretamente o mecanismos de disputa. Os argentinos reagiram denunciando na OMC barreiras impostas por Washington à entrada de alguns de seus produtos agrícolas.