Redação (16/07/07) – Uma petição assinada por 4 mil entidades e produtores do Reino Unido será entregue nesta terça-feira à Comissão Européia defendendo que a carne brasileira seja “banida imediatamente” do mercado europeu por problemas fitossanitários.
As exportações do Brasil, de fato, prometem viver um dia difícil hoje em Bruxelas. Entidades da Escócia prometem apresentar “evidências” da falta de controle fitossanitário no País aos ministros da agricultura do bloco.
Enquanto isso, em outro encontro, produtores irlandeses anunciarão aos deputados europeus o resultado de uma investigação que provaria as falhas no controle da carne. Para isso, tentarão impressionar os deputados com fotos e vídeos de como é a produção de carne no Brasil.
A Comissão Européia vem fazendo uma série de avaliações sobre o produto brasileiro e, apesar das preocupações de seus próprios veterinários, não acredita que seja necessário um embargo imediato.
Bruxelas sugeriu que seja dado até o final do ano para que o Brasil faça as mudanças necessárias, proposta que irá defender hoje tanto no Parlamento Europeu como diante dos ministros da Agricultura.
Pressão
Funcionários de alto escalão da Comissão ainda garantiram ao Estado que não pensam em ceder às pressões dos produtores e alegam que o lobby é muito mais por questões comerciais do que pela preocupação com a saúde do consumidor.
Mas os produtores não pensam em abandonar a causa. Eles acusam Bruxelas e as autoridades européias de serem "complacentes" ao permitir a entrada do produto brasileiro supostamente em condições sanitárias irregulares.
A guerra ocorrerá em quatro frentes: a primeira delas ocorre com os eurodeputados. Os produtores irlandeses irão ao Parlamento com os resultados de sua investigação feita durante a missão da Associação Irlandesa de Fazendeiros ao Brasil no início do ano.
Uma das conclusões será a de que não existe no País um controle em relação â movimentação do gado do território brasileiro para os países vizinhos. Além disso, os produtores nacionais não teriam como garantir a rastreabilidade dos animais.
A estratégia será a de tentar “chocar” os ministros com fotos e vídeos sobre como as fazendas brasileiras são administradas.
Falando a jornais irlandeses no fim de semana, o deputado europeu Jim Nicholson, acusou a Comissão Européia de “complacência” e de não ter coragem de impor um embargo sobre a carne brasileira. Para ele, não há motivos que legitimem o fato de os produtores irlandeses terem de seguir um certo padrão, enquanto exigências mais suaves são cobradas do Brasil.
“Já conhecemos os problemas com o Brasil desde 2003, mas nem a Comissão parece tomar uma iniciativa e nem as autoridades brasileiras cumprem o que prometeram”, afirmou. Para ele, a UE deve seguir o mesmo exemplo dos Estados Unidos e adotar medidas contra o Brasil.
A segunda frente é a que está sendo organizada pela Associação da Escócia de Carne Bovina, que vai apresentar um novo relatório aos 27 ministros da Agricultura do bloco europeu, também hoje. Os produtores vão alegar que a possibilidade de um surto de febre aftosa no Brasil ainda é real e que poderia trazer conseqüências para a Europa.
Além da entrega da petição, o ombudsman da Comissão Européia já foi contatado para avaliar o caso.