Depois de sentir os efeitos do alto custo de insumos e do câmbio desfavorável, os exportadores brasileiros de carne de frango se preparam para um aquecimento das vendas, com as festas de fim de ano e as compras por países asiáticos, beneficiadas pelo dólar agora mais forte.
“A amostragem dos primeiros dez dias de exportação mostra uma retomada do vigor das vendas, com a elevação do dólar”, disse Francisco Turra, presidente-executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef).
Segundo o executivo, as vendas no último trimestre ganham força em meio aos preparativos para as festas de fim de ano, tanto internas como externas. Além disso, diz ele, os países asiáticos costumam elevar as importações neste período do ano para formarem estoques.
Diante desta perspectiva, a Ubabef mantém sua estimativa inicial de exportação recorde de 4 milhões de toneladas em 2011, com alta de pouco mais de 5 por cento sobre o ano anterior.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e responde por cerca de 40 por cento do comércio mundial, segundo a Ubabef.
Insumos – O executivo acabou de voltar da Anuga, uma das maiores feiras de alimentos e bebidas do mundo, realizada anualmente na Alemanha.
“Fui com 14 empresas. A procura foi intensa nos estandes brasileiros. Foram realizados bons negócios por lá… O cenário se afigura muito melhor”, disse.
Ele acrescentou que a indústria tem sido favorecida pela valorização do dólar, pela interrupção no movimento de alta dos insumos e pelo anúncio da perspectiva de uma grande safra em 2011/12 .
Turra ressalta que o dólar saltou de 1,55 real no final de julho , para pouco mais de 1,75 real agora em outubro. “Foi um salto de quase 14 por cento. É um estímulo grande”, avaliou.
Ele explica que o setor costuma reagir rapidamente às oscilações do câmbio pelo impacto direto na demanda e a grande quantidade de mercados abertos ao Brasil, um total de 153 países.
Este movimento deve ajudar a reverter a queda de 7,2 por cento vista no último trimestre nas exportações de carne de frango .
“Vínhamos crescendo 7 por cento em venda externa no primeiro semestre. O terceiro trimestre não foi bom … puxou para baixo os números. Foi um decréscimo significativo”, afirmou Turra.
O setor foi afetado pela queda do dólar aos menores níveis neste ano e pela forte alta dos insumos, sobretudo a do milho, que inviabilizaram parte das exportações, levando o exportador a redirecionar o produto para o mercado interno.
A queda das vendas para a Rússia também colaborou para a retração vista no trimestre anterior. O país impôs embargo a unidades frigoríficas de carnes do Brasil, mas o segmento de frango foi o menos afetado.
Levantamento da Ubabef mostra que o mercado russo correspondeu a 4 por cento das exportações brasileiras no ano passado, mas neste ano já teve sua participação reduzida a cerca de 2 por cento. “E ainda está instável”, acrescentou. A expectativa do setor é que a vinda de uma missão russa ainda este ano para reavaliar os frigoríficos embargados possa reverter a situação.