Redação (19/12/06) – O Brasil deve fechar o ano com uma queda de quase 8% nos volumes exportados de carne de frango e com um recuo de 12,7% na receita com as vendas externas do produto, estimou ontem a Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef). O recuo é reflexo da retração da demanda por carne de frango em países da Europa, Ásia e Oriente Médio, no início deste ano, em decorrência dos surtos de gripe aviária.
A estimativa da Abef é encerrar o ano com embarques de 2,620 milhões de toneladas contra 2,846 milhões em 2005. A receita deve sair de US$ 3,509 bilhões em 2005, para US$ 3,065 bilhões este ano. Segundo o presidente da Abef, Ricardo Gonçalves, o resultado no caso dos volumes foi até melhor do que o esperado. “Achávamos que a queda seria de 10%”, afirmou. As perdas com a receita ficaram dentro do previsto pela associação.
Ele acrescentou que o recuo em receita deve ser expressivo por conta do preço médio mais baixo na exportação. Em 2006, a cotação média da tonelada ficou em US$ 1.230 e deve fechar em US$ 1.170 este ano. Os preços começam a se recuperar, mas Gonçalves considera que “há poucas possibilidades de voltarem aos níveis de 2005”.
Entre janeiro e novembro deste ano, as exportações brasileiras recuaram 4,8%, para 2,475 milhões de toneladas. O valor das vendas foi de US$ 2,9 bilhões, 7,72% menos que em 2005. O resultado este ano também foi afetado pelo real valorizado, de acordo com o presidente da Abef. “O dólar continua sendo fator de distúrbio”.
Apesar da redução dos embarques, o Brasil segue como líder no ranking dos exportadores de frango, tanto em volume quanto em receita, à frente dos Estados Unidos. Dados das vendas americanas até setembro – disponibilizados pela Abef – mostram que os EUA embarcaram 1,7 milhão de toneladas no período, ante 1,9 milhão de toneladas do Brasil. Em receita, o país exportou US$ 1,350 bilhão no período ante US$ 2,260 bilhões vendidos pelo Brasil. Dados compilados pelo site especializado em avicultura Avisite mostram que os EUA embarcaram 1,952 milhão de toneladas até outubro. No mesmo período, o Brasil exportou 2,191 milhões de toneladas.
“O Brasil continua como líder porque as vendas caíram para todo os países [exportadores]”, afirmou o presidente da Abef.
Segundo ele, a perspectiva é de um aumento nos volumes em 2007, com vendas de 2,8 milhões de toneladas (ainda abaixo de 2005). A previsão é que a receita alcance US$ 3,3 bilhões, também ainda abaixo de 2005. A expectativa é voltar a crescer no Oriente Médio e que o Brasil comece a vender para a Malásia, mercado que pode como ser um passaporte para entrada em outros países muçulmanos.
Durante a coletiva à imprensa, Gonçalves reclamou de uma “campanha de difamação” em tevês européias, que recentemente acusaram o Brasil de usar substâncias cancerígenas na criação de aves. (AAR)