Depois de fechar o semestre com recuo de 1,9% nos volumes exportados de frango e de 20% na receita com os embarques, a Associação Brasileira de Exportadores de Frango (Abef) mantém a expectativa de elevar em 5% as vendas externas este ano. O faturamento, porém, deve cair. “Certamente não vamos repetir a receita de 2008. Haverá queda”, disse Francisco Turra, presidente da Abef. A principal razão é a queda dos preços internacionais e a oscilação do dólar. O crescimento nos volumes deve vir com a abertura do mercado da China e com a recuperação das vendas em relação ao último trimestre de 2008, quando estas despencaram por causa da crise financeira internacional.
Segundo a Abef, de janeiro a junho os embarques de carne de frango somaram 1,8 milhão de toneladas, queda de 1,9% ante o mesmo período de 2008. Já a receita cambial foi 20,16% menor do que no primeiro semestre do ano passado, caindo para US$ 2,7 bilhões.
Turra afirmou que em comparação com outros setores, considerando o cenário de crise, o desempenho da carne de frango até foi satisfatório. De fato, houve crescimento das vendas para mercados importantes, mas os preços de negociação recuaram bastante. Em setembro, mês em que a crise eclodiu, a cotação média do frango na exportação estava na casa dos US$ 2.100 por tonelada. Caiu para US$ 1.500, começa a se recuperar e atualmente está em US$ 1.608 por tonelada, segundo Ricardo Santin, diretor-executivo da Abef.
Rússia – As vendas para a Rússia despencaram. Mas a crise não foi a maior culpada. Segundo a Abef, os embarques caíram 60% no semestre, batendo em 35 mil toneladas. Em receita, o tombo foi de 74%, para US$ 44 milhões. A mudança no sistema de cotas para importação da Rússia explica a queda, segundo Turra. Uma missão brasileira embarca esta semana ao país para tratar das cotas para frango e suíno, disse Santin.
No ano passado, as cotas totais para o frango eram 1,2 milhão de toneladas e caíram para 1 milhão de toneladas em 2009. Os volumes reservados aos EUA saíram de 900 mil para 780 mil toneladas, mas o país continuou a ser beneficiado pela Rússia, que busca apoio para entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC). O mesmo não ocorreu com o Brasil, que utiliza a rubrica outros da cota. Ela era de 68 mil toneladas e caiu para 12 mil toneladas. Além disso, a tarifa extracota disparou, de 65% para 95%.
De acordo com Santin, a missão vai pedir o fim das cotas geográficas e que seja utilizado o critério de nação mais favorecida, previsto na OMC, pelo qual o Brasil teria vantagens, já que é mais competitivo. A Rússia, disse ele, sinalizou que acabará com as cotas geográficas.
Ele disse ainda que o Brasil deve pedir que a Ucrânia retire a acusação de antidumping contra o frango brasileiro. O argumento é que as vendas brasileiras não chegam a 3% da produção local na Ucrânia.
– Texto adaptado por Avicultura Industrial.