Redação (21/09/06)- O mercado de carnes vive um momento de forte valorização. A arroba do boi gordo subiu 14,3% desde julho, início da entressafra – considerando a média daquele mês e a de setembro – conforme a Scot Consultoria. Em julho, a média ficou em R$ 51,33 por arroba em São Paulo e até ontem, em R$ 58,67. Já o frango vivo acumula alta de 76% desde o dia 27 de julho, quando se iniciou um movimento recuperação de preços em São Paulo. Segundo a Jox Assessoria Agropecuária, ontem a ave viva foi negociada a R$ 1,50 no mercado independente paulista. Era cotada a R$ 0,85 no dia 27 de julho passado.
O suíno também registra alta em São Paulo, mas recua no mercado catarinense por conta das restrições impostas pela Rússia ao produto depois dos casos de febre aftosa no país no fim de 2005. Em São Paulo, a arroba suína foi negociada a R$ 34,50 ontem (Cif frigorífico). A média em julho havia sido de R$ 27,39 e alcançou R$ 35,90 em agosto passado, conforme a Jox. Mas em Santa Catarina, o quilo vivo caiu R$ 1,50 em agosto para R$ 1,40, segundo o Sindicarnes/SC.
Fabiano Tito Rosa, da Scot, observa que a arroba do boi não atingia R$ 60, o preço negociado ontem, desde novembro do ano passado. Para ele, a alta desde julho, a maior registrada em 14 anos, não se deve apenas à entressafra, que reduz a oferta de animais. Na sua avaliação, a valorização indica um virada de ciclo – após anos de abate de matrizes e redução de investimentos -, a oferta de animais para abate está mais enxuta, elevando as cotações.
A recuperação das exportações de frango – foram 285, 7 mil toneladas de produto in natura em agosto (100 mil a mais que em julho) – explica a alta do frango vivo, na visão de Oto Xavier, da Jox. Ele observa que houve um grande aumento nas vendas externas de griller (frango com peso entre 1 quilo e 1,5 quilo). José Carlos Godoy, secretário-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Pinto de Corte (Apinco), explica que a demanda por griller acaba evitando que as aves fiquem no mercado interno, ganhando mais peso e elevando a oferta de carne. Em agosto, a produção de carne de frango somou 764,4 mil toneladas, queda de 4,7% ante julho passado.
Também há maior equilíbrio entre oferta e demanda de frango porque o produto continua sendo mais competitivo em relação a outras carnes, pondera Xavier.
Em Santa Catarina, o mercado de carne suína está pressionado porque as indústrias estão proibidas de exportar para a Rússia. Mas a demanda de frigoríficos do Rio Grande do Sul e de São Paulo evita uma queda maior dos preços.
Produtores independentes estão desovando os estoques para outros Estados, recebendo entre R$ 1,50 e R$ 1,70 pelo quilo vivo.
Frigoríficos gaúchos estão abatendo animais provenientes de Santa Catarina para atender o mercado local e exportando carne de suínos criados no Rio Grande do Sul, segundo produtores ouvidos pelo Valor. Euclécio Pelizza, de Xavantina (SC) diz que neste mês os paulistas responderão por 50% da sua venda, três vezes mais do que representavam no mesmo período do ano passado.
Já o produtor de Concórdia, Alfeu Petkov, afirma que conseguiu vender todos os suínos pesados nos últimos meses por causa da demanda gaúcha. “Sorte nossa é ter ainda o RS como comprador”.