As exportações brasileiras de produtos do agronegócio têm mostrado resiliência em 2024, com a demanda internacional por esses produtos permanecendo aquecida. No entanto, o faturamento em dólar apresentou uma leve queda no primeiro semestre devido à diminuição dos preços pagos pelos compradores internacionais. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, baseado em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações do setor somaram US$ 82 bilhões entre janeiro e junho de 2024, com uma queda de 5% nos preços médios em comparação ao mesmo período de 2023, apesar de um aumento de 4,5% no volume escoado.
Os produtos que contribuíram significativamente para o crescimento no volume exportado incluem o algodão, que teve um aumento expressivo de 228%, o açúcar (+49%), o café (+52%), e a carne bovina in natura (+29%). Entretanto, a produção reduzida de soja no Brasil pode impactar negativamente o desempenho do setor no acumulado do ano, especialmente considerando a continuidade da queda nos preços internacionais.
A China continua a ser o principal mercado para as exportações brasileiras, representando cerca de um terço das exportações do agronegócio, com destaque para a soja em grão, carne bovina in natura, celulose e carne suína. Outros mercados importantes incluem os Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Índia, Egito, México e Turquia.
Perspectivas para o Segundo Semestre de 2024
Apesar da leve queda no valor das exportações, as expectativas para o segundo semestre de 2024 permanecem cautelosamente otimistas. A menor colheita de soja, aliada à continuidade da queda nos preços internacionais, deve limitar o crescimento do faturamento. Entretanto, o câmbio desvalorizado tem mantido os produtos brasileiros competitivos, o que pode ajudar a mitigar as perdas e sustentar o volume exportado, especialmente para commodities como algodão, açúcar, carne bovina e café. A normalização da oferta mundial também pode contribuir para uma desaceleração na queda dos preços, oferecendo um cenário de estabilidade relativa para o agronegócio brasileiro nos próximos meses.
Referência: CEPEA