No TBT Agrimídia de hoje, relembramos os desafios e conquistas da avicultura brasileira em 1983, com destaque para as exportações de frango, que alcançaram números impressionantes, mas enfrentaram grandes obstáculos. O crescimento no comércio exterior contrastava com as dificuldades econômicas e estruturais do setor, refletindo um período de mudanças e adaptações para manter a competitividade no mercado global.
Confira o texto completo abaixo:
As exportações de frangos brasileiros em 1982 alcançaram US$ 280 milhões, com a previsão de atingir US$ 300 milhões em 1983, segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos. Essa expectativa otimista contrasta com as projeções da União Brasileira de Avicultura (UBA), que estimava exportar 400 mil toneladas de carne de frango, um aumento de 21,2% em relação ao ano anterior.
Apesar do otimismo, o setor enfrentou desafios. De acordo com Iwao Ito, as exportações de ovos estavam sofrendo, com os avicultores brasileiros enfrentando dificuldades para competir com os europeus e norte-americanos devido ao longo tempo de transporte até mercados como o Oriente Médio, em comparação com outros fornecedores que chegavam em prazos muito mais curtos.
Custos Elevados e Concorrência Internacional
Em termos de custos, o avicultor brasileiro sofria com as elevadas taxas de juros e o impacto do aumento nos preços do milho e da soja, principais ingredientes da ração. Isso reduziu a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, principalmente em relação aos subsídios concedidos por países europeus, como a França, que beneficiavam seus exportadores.
Além dos subsídios, a falta de infraestrutura adequada para armazenagem e transporte, como navios frigoríficos, também contribuiu para a queda nas exportações de ovos e frangos. No mercado interno, o custo mínimo de produção de ovos deveria ser Cr$ 500,00 por dúzia para cobrir os custos, mas mesmo assim o preço final seria alto para o consumidor brasileiro.
Mercados Externos e Apoio Governamental
A retração econômica global, somada à queda nas cotações do frango importado devido ao excesso de oferta, fez com que as exportações brasileiras perdessem espaço em mercados chave, como o Oriente Médio. Ainda assim, 90% das aves exportadas pelo Brasil tinham como destino o Oriente Médio, que se tornava cada vez mais disputado com os Estados Unidos.
O governo brasileiro, diante dessas dificuldades, buscou alternativas para sustentar as exportações. Em 1982, técnicos americanos visitaram o Brasil para discutir os subsídios às exportações brasileiras, sugerindo que o apoio governamental ao setor avícola poderia ser limitado para evitar confrontos comerciais.
Perspectivas para 1984
Apesar das incertezas, o setor de frangos continuava a receber apoio governamental e buscava aumentar sua presença internacional. A produção de frangos como o Chester também começou a ganhar destaque, com perspectivas de expansão no mercado externo, mesmo diante de um cenário global competitivo e de desafios internos.
O ano de 1983, portanto, representou um período de contrastes para a avicultura brasileira, com crescimento nas exportações, mas também com grandes desafios de custo, competitividade e infraestrutura. As expectativas para 1984 eram de uma recuperação lenta, dependendo de uma melhora no cenário global e de uma gestão eficaz das políticas de subsídio e exportação.