Na crise econômica, a relação bilateral entre China e Brasil se fortalece. Nos primeiros cinco meses do ano, as exportações brasileiras para o país asiático tiveram alta. A intenção do governo brasileiro é embarcar, além da soja, outros produtos agrícolas e também aumentar a exportação de produtos industrializados.
Há quase três meses, a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil. Porém, desde o ano passado, o país asiático já era o principal destino das exportações de produtos agrícolas daqui. Em valor, foram embarcados US$ 6,7 bilhões no ano passado. Entretanto, do volume total exportado, mais de 90% ficaram concentrados nos embarques da soja e derivados.
Por isso, o Ministério da Agricultura trabalha para diversificar a pauta de exportação agrícola para a China. O acordo feito em maio entre os dois países para que o Brasil exportasse frango e em contrapartida importasse tripas de ovinos e caprinos já está acontecendo. Os primeiros negócios ocorreram há três semanas. Agora, o Ministério da Agricultura pretende conseguir a liberação para os lácteos e a carne suína.
“Nossa expectativa é que avancemos na abertura para a carne suína. O Brasil tem aumentado sua produção, tem aumentado sua competitividade e precisa de novos mercados. A China é o maior consumidor mundial e estamos trabalhando também o Japão que é o maior importador mundial”, disse o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto.
Outra liberação que o Ministério da Agricultura deseja é para a carne bovina. Por enquanto, apenas os Estados do Sul conseguem exportar para os chineses. A intenção é fazer com que todas as regiões brasileiras habilitadas a embarcar a carne também possam enviar o produto para lá. No encontro, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior destacou que tanto as exportações quanto as importações do Brasil caíram 20% nos primeiros cinco meses do ano. No entanto, os embarques para a China no período subiram 34%.
O secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, defende que as matérias-primas continuem ocupando espaço no território chinês, mas também espera um crescimento de exportações de produtos industrializados.
“No caso da China, isso é particularmente importante, porque o país asiático importa anualmente mais de US$ 1 trilhão e importa uma quantidade muito grande também de alimentos, de produtos básicos e também de industrializados. Por isso, nós acreditamos que existe essa possibilidade de diversificar a pauta, de ter uma presença maior também do produto industrializado do Brasil na China”, afirmou Ramalho.
– Estou seguro de que as relações entre os dois países no campo de comércio, cooperação econômica, pode ser muito favorável nos próximos anos – acrescentou o embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi.
Para o economista Daniel Lederman, do Banco Mundial, estreitar cada vez mais a relação comercial entre os dois países deixa o Brasil mais forte neste momento de crise econômica. Ele afirmou que isso foi observado nos três primeiros meses do ano, com a alta das exportações brasileiras para lá.