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Biocombustível

Exportações de etanol ensaiam recuperação

No primeiro trimestre, os embarques somaram 466,6 milhões de litros, queda de 46% sobre igual período de 2008.

Os baixos preços do álcool combustível no mercado interno em plena entressafra começaram a estimular as exportações, mesmo com uma remuneração pouco atraente às usinas. No primeiro trimestre, os embarques somaram 466,6 milhões de litros, queda de 46% sobre igual período de 2008, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), mas os volumes comprometidos com o mercado externo entre abril e maio já ultrapassam 500 milhões de litros. É uma marca que supera as expectativas do mercado e que pode indicar um movimento de recuperação.

“Há um pequeno prêmio [de R$ 20 por mil litros] para as exportações em relação à venda no mercado interno”, afirmou Tarcilo Rodrigues, presidente da Bioagência. Mesmo com preços baixos, os embarques são uma alternativa para o escoamento do produto.

A demanda global por biocombustíveis segue desaquecida. Nos Estados Unidos, as exportações brasileiras deverão ser feitas via Caribe. Os EUA respondem por dois terços dos negócios do Brasil. A expectativa é de alguma melhora da demanda americana por combustíveis com a chegada do verão. O consumo tradicionalmente cresce 10% nessa época. Em março, os embarques brasileiros totalizaram 157 milhões de litros, dos quais cerca de 100 milhões foram para os EUA e o restante para a União Europeia.

“Os preços do álcool operam abaixo do custo de produção”, afirmou Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, que participou ontem do 7º Seminário sobre cenários e perspectivas para o açúcar e álcool, promovido pela Açúcar Guarani.

Levantamento da consultoria Datagro mostra que o açúcar negociado no mercado interno tem seu preço equivalente a 17 centavos de dólar por libra-peso. Ontem, os contratos de açúcar para julho fecharam a 13,56 centavos de dólar por libra-peso, na bolsa de Nova York. Utilizando o mesmo cálculo de conversão, as cotações do álcool anidro equivalem a 10 centavos de dólar e o hidratado a 9,5 centavos de dólar

A vantagem para o açúcar é muito evidente neste momento. Os custos de produção do álcool anidro alcançam R$ 0,756 o litro, mas as usinas vendem o produto por R$ 0,58. O hidratado tem um custo de R$ 0,818, com venda a R$ 0,66. Os custos para o açúcar chegam a 10,7 centavos de dólar por libra-peso.

Para a safra 2009/10, a produção de cana está estimada 601 milhões de toneladas, um crescimento de 6,3% em relação ao ciclo anterior (565,12 milhões). A oferta de açúcar ficará em 35,4 milhões de toneladas, aumento de 15,4% sobre a safra anterior, e a de álcool alcançará 27,73 bilhões de litros, com ligeira alta de 1,3%, de acordo com a Datagro. O fatia da produção destinada ao álcool deverá cair de 60,37% para 57,2% neste ciclo. A do açúcar deve subir de 39,63% para 42,8%.

Os embarques de álcool na temporada 2008/09, que estão estavam estimados em 5,05 bilhões de litros, foram revistos para 4,85 bilhões de litros. Para 2009/10, deverão recuar 16,5%, para 4,05 bilhões de litros.

A baixa remuneração do álcool deverá comprometer a renda de boa parte das destilarias independentes do país, uma vez que não produzem açúcar. A forte queda da produção da Índia tem dado suporte às cotações da commodity no mercado internacional. Segundo Arnaldo Corrêa, da Archer Consulting, cerca de 40% da produção de açúcar para a safra 2009/10 já estão com preços fixados. As fixações médias têm sido feitas em cerca de 13,7 centavos de dólar por libras-peso.