Redação (14/07/06) – Ainda que a queda nos volumes tenha se estabilizado em junho passado em relação a maio deste ano, a expectativa dos exportadores é de fechar 2006 com redução de 10% tanto em volumes quanto em receita.
A doença – que afetou a demanda por carne de frango depois de aparecer na Europa e na África em sua forma mais letal – também fez o Brasil perder o posto de maior exportador mundial para os Estados Unidos no mês de maio. No período, os exportadores embarcaram 196,4 mil toneladas, abaixo das 200,6 mil vendidas ao exterior pelas empresas americanas. No acumulado até maio, porém, o Brasil está um pouco à frente, com 1,046 milhão de toneladas ante 1,007 milhão dos EUA. Só há comparação até maio, pois o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) ainda não divulgou os números referentes a junho.
Em entrevista, na quinta-feira (13), Ricardo Gonçalves, presidente da Associação Brasileiros dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), minimizou a perda da posição para os EUA. Para ele, ter o primeiro lugar no ranking dos exportadores não é importante . “Não se trata de uma competição para ganhar medalha”, ironizou, afirmando que o desempenho da receita é o mais relevante.
Entre janeiro e junho, as vendas externas brasileiras totalizaram 1,240 milhão de toneladas contra 1,351 milhão de toneladas no primeiro semestre de 2005. A receita caiu de US$ 1,521 bilhão naquele período para US$ 1,458 bilhão nos seis primeiros meses deste ano.
A boa notícia, segundo Gonçalves, é que em junho, o ritmo de queda recuou em relação a maio. Foram 194,8 mil toneladas no mês passado contra 196,4 mil em maio. Além disso, os preços médios na exportação começaram a se recuperar. A cotação média chegou a US$ 1.083 por tonelada em abril e voltou a US$ 1.140 em junho. “Há retomada de preços”, afirmou Gonçalves. Essa recuperação seria reflexo de uma menor rejeição ao frango depois de um período de queda no consumo, o que elevou os estoques do produto nos países.
Ele reconheceu, contudo, que é difícil recuperar os patamares de preços alcançados no segundo semestre de 2005, antes de a gripe surgir na Europa e África. Naquele período, o frango brasileiro acabou sendo beneficiado por uma forte demanda internacional.
Segundo Gonçalves, a Abef traçou dois possíveis cenários para as exportações este ano e aposta no mais otimista, “não acontecendo nada de novo na Europa”. Nesse caso, haveria aumento de 5% sobre o volume exportado e de 10% no preço médio nas exportações entre julho e dezembro deste ano na comparação com igual período de 2005. Se o quadro se confirmar, os embarques recuariam 10,6% sobre as 2,846 milhões de toneladas de 2005 e a receita, 10,1% sobre os US$ 3,509 bilhões do ano passado. O preço médio teria alta de 5,7%.
No cenário negativo, com manutenção da média dos volumes e preço médio registrado entre janeiro e junho deste ano, a queda nas vendas seria de 12,8%, a receita recuaria 16,8% e o preço médio, 4,1%, conforme a Abef.
Ele não acredita que as exportações de frango serão afetadas pela descoberta de um foco de Newcastle em Vale Real, no Rio Grande do Sul, já que as restrições impostas por países atingem uma área pequena.
O presidente da Abef confirmou que a União Européia decidiu revisar os critérios para taxação do frango importado. Com essa medida, a UE tenta dar uma resposta à decisão da OMC que deu parecer favorável ao Brasil no caso do peito de frango salgado. A UE quer criar cotas para o peito de frango in natura e para aves industrializadas, hoje não sujeitas a cotas.