O Brasil já começa a viver a expectativa de exportar carne suína para a China, dado principalmente que o acordo firmado entre estes países começa a vigorar no final deste mês. A Aurora, uma das três empresas brasileiras autorizadas a embarcar a proteína aos chineses, prevê fechar o primeiro contrato em janeiro de 2012.
Em abril, foi firmado um acordo que autoriza, inicialmente, três frigoríficos brasileiros a exportar à China: uma planta da Aurora, de Santa Catarina, um frigorífico da BrasilFoods de Goiás, e uma planta da Marfrig do Rio Grande do Sul. Segundo Pedro Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), a expectativa é embarcar no primeiro ano cerca de 50 mil toneladas. “Temos a expectativa de que em novembro algo já seja exportado à China. Entretanto, ainda é cedo para sabermos”, frisou o executivo.
De acordo com relatório de setembro do USDA, a previsão é que os chineses consumam mais de 51 milhões de toneladas de carne suína em 2012, aumento de quase 4% se comparado com o montante estimado para este ano, de 49,7 milhões de toneladas.
Por sua vez, a Cooperativa Aurora, que já mantém negócios com os chineses para a venda de carne de ave, espera fechar o seu primeiro contrato para suínos no primeiro mês de 2012. “Nós estamos trabalhando nesse projeto da produção de suínos para a China, e a Aurora estará com uma produção apta a ser exportada no primeiro mês de 2012. Nós já exportamos carne de frango para eles, temos os canais e os clientes para fazer isso”, garantiu o diretor de Exportações da empresa, Dilvo Casagranda.
A principal razão para postergar o primeiro negócio com a China são as exigências de processo produtivo que aquele país requer. Entre eles o mais importante é a questão da rastreabilidade. “Existe a demanda e o interesse, mas não firmamos o primeiro contrato para este ano ainda porque não temos como fazer isso, e não vamos fechar agora porque em janeiro os valores podem sofrer variação. Então vamos aguardar um momento mais próximo para somente então fechar um contrato”, disse ele.
Casagranda afirmou que o processo para inserir a rastreabilidade no processo produtivo já foi finalizado. Entretanto os primeiros animais a serem rastreados o foram em agosto deste ano. “Estamos introduzindo o processo de rastreabilidade na cadeia para que possamos provar a eles que nossa produção atende às suas exigências. O processo está praticamente pronto e está em fase de produção. Como a rastreabilidade vem desde o animal jovem, não podemos pegar um animal adulto, abater e dizer que ele era rastreado desde o início. E os primeiros animais foram alojados e rastreados em agosto.”
Por fim o executivo comentou que a Aurora preparou algumas unidades produtoras para se adaptarem e atenderem às exigências chinesas. E algumas entre elas terão produção exclusiva para a China. “Estamos implantando o sistema em algumas propriedades, que atenderão somente a China. Isso nos dará mais tranquilidade para comercializar com eles”, contou Casagranda.
Preços – Enquanto os primeiros embarques para a China não acontecem, os preços dos suínos seguem em patamares mais estáveis. No começo deste mês a expectativa do mercado era de um pequeno recuo dos valores, dados principalmente os volumes menores de exportação em setembro. Foi notada, porém, uma estabilidade. “Acredito que como nestas duas semanas de outubro o mercado não demonstrou queda, podemos até ver os valores subirem. Geralmente este mês a busca por esta proteína começa a aumentar; o pico de demanda é novembro”, disse o analista Felipe Netto, da Safras & Mercado.
Na média de setembro o quilo do suíno vivo foi comercializado a R$ 2,25, ante os R$ 2,41 registrados em agosto. Nestas primeiras duas semanas de outubro a média saltou para R$ 2,39 o quilo.