Dois novos levantamentos do Ministério da Agricultura confirmam a melhora no cenário para o agronegócio brasileiro em 2009 em relação às perspectivas traçadas a partir do aprofundamento da crise global, em setembro de 2008, até o último mês de janeiro.
Segundo dados da Secex compilados pelo ministério, as exportações do setor cresceram 14,4% em abril sobre março. Em outra frente, o governo divulgou mais um ajuste para cima em sua previsão de renda agrícola (veja abaixo) das 20 principais culturas do país neste ano, graças à valorização de commodities como soja e milho no mercado internacional.
Nos dois casos – exportação e renda -, os resultados e projeções ainda permanecem abaixo da performance de 2008, apesar de a possibilidade de reversão da tendência ter aumentado um pouco com o desempenho acima do esperado no primeiro quadrimestre.
Conforme o ministério, as exportações do agronegócio renderam US$ 5,483 bilhões em abril, ainda 4,7% menos que no mesmo mês do ano passado. Mas, como as importações caíram 13,4% na mesma comparação, para US$ 679 milhões, o superávit da balança do setor voltou a crescer e atingiu US$ 4,804 bilhões.
Os números mostram que o complexo soja (grão, farelo e óleo) seguiu na liderança das exportações em abril. Os embarques chegaram a US$ 2,087 bilhões, 52,3% mais que em março – por causa da sazonalidade que marca os embarques -, mas também 12,2% acima de abril de 2008. O aumento do volume de vendas (34,3% em relação a abril do ano passado) garantiu o salto, já que os preços foram 17,8% menores, tendo em vista a vertiginosa escalada pré-crise no segundo trimestre de 2008. Também vale notar que houve alta no mercado internacional em abril na comparação com março.
E aí está a principal justificativa para a nova elevação na previsão de renda agrícola do ministério. Conforme estudo concluído na sexta-feira, as 20 principais culturas agrícolas do país vão gerar receita de R$ 155,996 bilhões em 2009, 1,4% mais que o previsto em abril mas 3,2% abaixo de 2008 (R$ 161,156 bilhões). A soja deverá representar R$ 42,822 bilhões.
Renda agrícola – A estimativa de renda agrícola das vinte principais lavouras no Brasil em 2009 atingiu, em abril, R$ 156 bilhões, valor 3,2% inferior ao registrado no ano passado. Apesar da redução de renda, o valor estimado este ano é o segundo maior, depois de 2008, desde a série iniciada em 1997. Em relação à estimativa divulgada no mês passado, houve um aumento devido, especialmente, à revisão dos dados de safra realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e IBGE. A diferença de estimativas também ocorreu por falta de informações dos preços da uva. A Assessoria de Gestão Estratégica (AGE), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), divulga mensalmente a renda agrícola.
Os períodos de estiagem em novembro e dezembro do ano passado e em março e abril deste ano na região Sul e em Mato Grosso do Sul afetaram a safra de produtos agrícolas, principalmente, milho e soja. A região Sul vem mostrando uma queda de 11% na produção de grãos em relação ao ano passado. Essa queda se deve essencialmente às condições climáticas, sendo o milho o produto mais afetado, como explica o coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Mapa, José Garcia Gasques.
Do conjunto analisado, nove produtos apresentam variação positiva de renda em relação a 2008. Os maiores destaques são para a uva (218,5%), amendoim (21,17%), arroz (21,1%), cacau (19,7%) e mandioca (14,3%). a cana-de-açúcar com expectativa de aumento em 5,9% destaca-se entre os produtos com grande expressão para a renda.
Os decréscimos reais de renda comparados a 2008 ocorrem no milho (-26,4%), algodão herbáceo (-22,8%), trigo (-19,3%), café (-14,4%) e cebola (-13,5%). Outros produtos como tomate, feijão, fumo, banana e soja também devem apresentar queda na renda. No caso da soja, embora com pequeno percentual de redução, o impacto em valor absoluto da renda é elevado por sua importância na composição da renda agrícola.
Renda regional – O Centro-Oeste (-10,3%), Sul (-7,9%) e Sudeste (-7,4%), demonstram maiores percentuais de queda entre as regiões brasileiras, observa o coordenador. Os estados de Mato Grosso do Sul (-17,8%), Paraná (-16%), Minas Gerais (-15,78%) e Mato Grosso (-11,86%) sofreram grande redução na renda.
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– Com informações do Valor Econômico e MAPA