As exportações mineiras de animais vivos, que incluem cavalos, bovinos, suínos, ovinos, caprinos, galos, galinhas, patos, gansos, perus e outros somaram US$ 9,9 milhões, nos primeiros onze meses de 2011, crescimento de 391,7% em relação ao mesmo período de 2010. As informações são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e foram analisadas pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
Segundo a Superintendência de Política e Economia Agrícola da Subsecretaria do Agronegócio, os principais animais embarcados foram os bovinos, que responderam por mais de 50,0% da receita de exportação do segmento. “As exportações de bovinos vivos alcançaram US$ 5,0 milhões, cifra 1.241,8% superior ao montante de janeiro a novembro de 2010”, diz a assessora técnica Márcia Aparecida de Paiva Silva.
Ela explica que o número de cabeças de bovinos exportados passou de 147 para 2.223, considerando um peso médio de cada animal de 450 quilos. “O aumento das exportações de animais vivos faz parte de uma iniciativa de fomento da pecuária em outros países por meio da comercialização de material genético de qualidade”, observa a assessora, com base em dados de Brazilian Cattle, projeto setorial vinculado à Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu).
“Os animais exportados apresentam bom padrão genético, embora não sejam classificados como de elite. Além disso, os países importadores não definem um modelo de valorização de animais segundo o seu padrão genético, o que faz com que os preços recebidos pelos exportadores mineiros sejam limitados”, diz Márcia Silva.
Os preços médios chegaram a US$ 2,23 mil por cabeça, entre janeiro a novembro de 2011. Esse valor é condizente com a extensão do rebanho exportado (grande número de cabeças) e com a escassez de mecanismos de valorização dos países de destino. As parcerias firmadas entre exportadores e importadores têm o intuito principal de desenvolver a pecuária em regiões onde o segmento
tem baixo desempenho zootécnico.
Novos mercados
Márcia Silva prevê que os benefícios da exportação de bovinos vivos deverão possibilitar a abertura de novos mercados com países que podem desenvolver seu potencial de criação e serão parceiros comerciais para o desenvolvimento de seus rebanhos. “Trata-se de um nicho de mercado que pode ser aprimorado, uma vez que os rebanhos mineiros e brasileiros apresentam elevado padrão genético, capaz de garantir espaço no mercado internacional”, ressalta.
Entre janeiro e novembro de 2011, os países africanos (Angola, Congo e Guiné Equatorial) responderam pelo total das exportações mineiras de bovinos vivos. A parcela de compra de cada país foi de 68,3%, 31,5% e 0,2%, respectivamente.
“Angola, principal mercado de destino dos bovinos mineiros, não realizou compras em 2010”, ressalva a assessora. Nos primeiros onze meses de 2011, as importações angolanas atingiram US$ 3,4 milhões. A exportação mineira ocorre via traddings, empresas que fazem a intermediação da comercialização dos bovinos mineiros com países que têm protocolo sanitário aberto para a importação, como os países da África.
Para Márcia Silva, o potencial para a transferência de tecnologia tanto na pecuária quanto na agricultura, em especial para países africanos, atende à preocupação contemporânea de aumentar a oferta mundial de alimentos para atender à demanda populacional crescente. “As similaridades de características de solo e clima favorecem a transferência tecnológica do Brasil para a África, que cria instrumentos de viabilização da produção agropecuária em regiões carentes”, finaliza.