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Exportador de carne vê UE e Chile como saídas para 2009

<p>A fatia da Rússia nas vendas brasileiras, hoje em 38%, deve cair para 20%.</p>

Redação (19/12/2008)- Fica mais nebuloso a cada dia o quadro para as exportações brasileiras de carne bovina no próximo ano. Com a situação se deteriorando na economia da Rússia, maior cliente do Brasil hoje no segmento, os exportadores já revisaram para baixo a receita prevista para o ano que vem – de US$ 6,5 bilhões para US$ 5,3 bilhões. O número é igual ao projetado para este ano. 

De acordo Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), a estimativa é de que o setor consiga manter no ano que vem o volume (2,2 milhões de toneladas equivalente-carcaça) e o valor alcançado em 2008, mesmo com a queda das vendas para a Rússia. 

Ele admitiu, ontem, ao fazer um balanço sobre 2008, que a fatia da Rússia nas vendas brasileiras, hoje em 38%, deve cair para 20%. A saída, disse, será desviar produto para outros clientes, como União Européia e Chile, país que dá sinais de que irá reabrir seu mercado ao Brasil após três anos de restrição por causa de casos de aftosa. 

"A crise está sendo mais danosa do que imaginávamos", reconheceu Giannetti, apesar de dizer que o setor de alimentos será menos afetado do que aqueles em que há necessidade de crédito. 

Justamente pela falta de crédito que os importadores da Rússia enfrentam é que as vendas brasileiras de carne bovina àquele mercado começaram a patinar em outubro e despencaram em novembro. O país comprou apenas 18,4 mil toneladas (equivalente-carcaça) de carne in natura em novembro – no mesmo mês de 2007, havia importado quase 80 mil toneladas. A receita desmoronou na comparação entre os dois períodos – quase US$ 100 milhões -, saindo de US$ 141,9 milhões para US$ 43,2 milhões, segundo os dados da Abiec. 

Para enfrentar o quadro, frigoríficos têm renegociado contratos – alguns deram descontos de 10% e outros prazo maior de pagamento, exemplificou Giannetti. 

Considerando as exportações totais, os embarques recuaram 14% em valor em novembro, para US$ 335,7 milhões. O volume caiu 34%, para 132,6 mil toneladas (equivalente carcaça). 

"O quadro econômico [na Rússia] está se deteriorando de forma fantástica", afirmou Giannetti, que não descarta uma moratória do país. Em decorrência da crise financeira internacional, que derrubou os preços do petróleo e fez a Rússia gastar bilhões de dólares de suas reservas para defender o rublo, importadores não conseguem carta de crédito, segundo ele. As exportações ao país não vão parar, acredita," mas haverá alguns meses de queda significativa por causa de crédito". 

Para o presidente da Abiec, Venezuela e Irã, outros dois clientes do Brasil que exportam petróleo, também podem ter problemas nos próximos meses. 

Diante desse cenário, a aposta dos exportadores são Chile e UE. Segundo o dirigente, o país andino poderia importar entre 50 mil e 80 mil toneladas do Brasil e a UE, 200 mil toneladas, o dobro do previsto para este ano. Por conta de restrições impostas pela UE, o Brasil só exportou 50 mil toneladas (equivalente-carcaça) ao bloco até novembro, 82% a menos do que no mesmo período de 2007. Giannetti crê que seja possível alcançar 200 mil toneladas, ainda que países da UE também estejam em recessão. 

Outro efeito da crise deve ser a redução da oferta de carne para exportação pelos frigoríficos, disse ele. Com isso, a fatia das vendas externas na produção total pode cair de 33% para 25%, disse Giannetti.