A vinculação de casos de gripe no México e nos Estados Unidos aos suínos preocupa o setor produtivo no Brasil, devido aos possíveis impactos econômicos. Além da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), que divulgou que não há relação comprovada entre a doença e os animais, o Ministério da Agricultura (Mapa) e a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) esclareceram que a questão é, até o momento, de saúde pública, e não de sanidade animal.
O presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto, ressaltou que são infundados os temores de contaminação pela ingestão de carne suína, embora não descarte a possibilidade de queda momentânea no consumo. “Não há qualquer problema em consumir a carne suína. Não existe nenhuma relação entre a gripe mexicana e o rebanho de suínos no Brasil ou em qualquer parte do mundo. O problema é o contágio entre humanos, e não entre animais e pessoas.”
Comunicado divulgado ontem pela OIE esclareceu que o vírus em circulação no México e nos Estados Unidos envolve a transmissão entre pessoas e tem características comuns à influenza suína, humana e aviária. Por isso, o secretário executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips), Rogério Kerber, considerou precipitada qualquer análise antes de um posicionamento técnico internacional. “Não se pode tipificar a gripe como suína quando não há nenhum animal doente identificado e nenhuma análise laboratorial que comprove isso.” Para ele, até mesmo uma análise positiva – como os possíveis benefícios brasileiros com a decisão da Rússia de suspender as importações de cortes de suínos dos Estados Unidos e do México – seria prematura neste momento. Brasil e EUA disputam o mercado russo, distribuído por sistema de cotas. Conforme o Sips, a produção gaúcha de carne suína oscila entre 540 mil e 550 mil toneladas ao ano. Em 2008, 237 mil toneladas foram exportadas, sendo a Rússia o principal destino dos embarques.
Os produtores gaúchos torcem para que a situação se esclareça rapidamente. Uma eventual redução no consumo afetaria o preço, atualmente abaixo do custo de produção no Rio Grande do Sul. “O primeiro impacto é negativo. Estamos em momento de leve recuperação, depois de um primeiro trimestre conturbado, devido à crise mundial e à queda de consumo de verão”, disse o presidente da Acsurs, Valdecir Folador.