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Exportadores querem criar "OPEP do frango"

Exportadores brasileiros de carne frango estão articulando com congêneres estrangeiras a formação da "OPEF" (Organização dos Países Exportadores de Frango).

Redação 167/12/2004 – Os exportadores brasileiros de carne frango estão articulando com congêneres estrangeiras a criação de uma espécie de “OPEP das aves”, em referência à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e já carinhosamente apelidada de “OPEF”. “Há muitos assuntos que devem ser discutidos em um fórum comum entre os principais países produtores e exportadores de frango, como questões sanitárias, preços e recomendações políticas comuns”, afirmou Claudio Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef).

Conforme Martins, a “OPEF” já conta com sete países-membros, entre eles Estados Unidos, Chile, Tailândia e União Européia. “A China e a Coréia do Sul também já foram formalmente convidadas”. A sede da nova entidade, se ela vingar, poderá ser em Londres. “A idéia surgiu na Sial [Salão Internacional de Alimentos], em Paris”, afirmou Martins. Segundo ele, já está sendo preparado um cronograma para 2005 da nova organização. Para Martins, um fórum internacional pode ser uma saída para que o Brasil discuta acesso a mercados. EUA e China estão na mira dos exportadores do Brasil. “Temos que manter nossos tradicionais mercados e avançar em outros”.

De janeiro a novembro, as exportações brasileiras de frango alcançaram US$ 2,349 bilhões, 42,78% mais que no mesmo período de 2003. Da receita total, os produtos industrializados responderam por US$ 88,5 milhões, ante quase nada há quatro anos. Em volume, foram embarcadas, no total 2,236 milhões de toneladas até novembro, 23,39% mais que nos onze primeiros meses do ano passado. Neste caso, os industrializados representaram 39,74 mil toneladas.

As projeções indicam embarques totais de 2,4 milhões de toneladas em 2004, crescimento de 22% sobre 2003, com receita cambial de R$ 2,5 bilhões, 40% maior. “Se 2005 repetir o desempenho de 2004 será bom demais”, disse Martins. Para o próximo ano, as empresas projetam crescimento de 10% do volume de exportações e de 15% da receita – já levando-se em conta a valorização do real.

A China é a aposta do setor para 2005. O protocolo assinado entre os dois países – que prevê que o Brasil exporte carne de frango e, em contrapartida, importe tripas de suíno – está pronto, e depende apenas de trâmites burocráticos. “O Brasil pode cobrir de 20% a 25% de um mercado de até 250 mil toneladas que a China importa”, disse Martins. A receita com os negócios pode atingir US$ 50 milhões.

As negociações com os EUA, porém, estão mais lentas. “Trocamos documentos de análises de risco, mas as negociações não avançaram”, afirmou o executivo. “Nossos esforços são para que possamos exportar produtos industrializados em um primeiro momento”.

Os exportadores de carne suína também estão otimistas. Segundo Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (entidade que reúne os exportadores), as indústrias devem fechar o ano com 500 mil toneladas embarcadas e receita 35% maior. Conforme o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, governo e setor privado contam com o suporte de uma consultoria internacional para abrir o mercado europeu aos suínos, fechado por questões sanitárias. Furlan afirmou que sanidade, animal e vegetal, é prioridade do governo Lula.