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Economia

FAEMG faz balanço do ano e aponta perspectivas para o agronegócio em 2014

Café em crise, lei ambiental e alforria para o queijo foram alguns dos destaques lembrados pelo presidente da entidade, Roberto Simões.

FAEMG faz balanço do ano e aponta perspectivas para o agronegócio em 2014

Em um ano em que o café, principal produto do agronegócio mineiro, teve uma de suas maiores crises de preços, pecuaristas de todo o estado tiveram muito que comemorar. Para os setores de carne e leite, 2013 trouxe de volta bons resultados, substituindo o desânimo deixado pelo  ano anterior. Perspectivas renovadas, os produtores já estão investindo em mais qualidade e produtividade para encarar os novos mercados buscados pelo Brasil. Esta é também a aposta da FAEMG e da CNA, que este ano organizaram missões empresariais à China e investiram na implementação de programas que garantam maior competitividade para os produtos agrícolas mineiros e brasileiros.

Para o presidente do Sistema FAEMG, Roberto Simões, este foi um ano marcado por grandes lutas e conquistas históricas: “No primeiro semestre, o agronegócio mineiro voltou atenções à mobilização dos produtores em campanha pela revisão do preço mínimo do café. Com grande união e empenho, os produtores se fizeram ouvir e alcançaram vitórias. Já a segunda metade do ano foi marcada por três grandes avanços: a assinatura, em agosto, da Instrução Normativa para a comercialização do queijo minas artesanal; a realização, em setembro, da Semana Internacional do Café em BH; e a aprovação da Lei Florestal Mineira, em outubro”.

Em sua avaliação, a legislação florestal representa importante ganho para o produtor rural em segurança jurídica, especialmente por estar alinhada ao Código Ambiental Federal: “Foi um grande avanço para nosso estado. Nossa meta agora será orientar bem os produtores para o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e, depois, para o Programa de Regularização Ambiental (PRA). O desenvolvimento de uma política de sustentabilidade é de interesse direto do agronegócio e, por isso, a aprovação da legislação estadual foi um dos destaques do ano para todos nós, produtores”, disse Roberto Simões.

Grãos

No ano em que a Helicoverpa tornou-se preocupação para agricultores de todo o Brasil, o cenário para os grãos – especialmente milho e soja – foi ainda muito positivo.

O câmbio favorável para exportação fez de 2013 um ano muito bom para o setor. Com preços melhores no mercado internacional, a soja conquistou mais espaço, substituindo parte da área antes plantada com milho. A coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso, lembra que a relação entre produção e consumo de milho no estado é sempre deficitária, mesmo com safras consideráveis. “O milho é principal insumo para a cadeia da pecuária, que é muito forte no estado. Somado ao câmbio favorável à exportação, o resultado é uma demanda reprimida em Minas”.

A seca no estado resultou na perda de uma área cultivada de milho de aproximadamente 64 mil hectares no Norte e Jequitinhonha/Mucuri. Ainda assim, a produção do grão na segunda safra (620,2 mil toneladas) aumentou sua participação no total produzido no estado, que fechou o ano apenas 2,5% menor que no ano anterior. A produção mineira de milho em 2013 foi de 7,4 milhões de toneladas.  A produção de soja este ano foi 9,8% maior que em 2012, totalizando em 3,4 milhões de toneladas.

2014

Segundo o presidente da Comissão de Grãos da FAEMG, Claudionor Nunes de Morais, apesar dos problemas com a helicoverpa e a mosca branca, o cultivo de soja em 2014 deve novamente ser estimulado pelo preço mais atrativo que o do milho, que está ameaçado pela safra recorde no Centro-Oeste do Brasil. A conversão deve chegar a cerca de 10% das áreas plantadas em Minas. Algodão e trigo também devem ganhar um pouco mais de espaço.

A previsão de clima favorável traz uma expectativa de safra geral de grãos ainda maior para o próximo ano. A projeção é que o estado produza no próximo ano cerca de 6,7 milhões de toneladas de milho e 3,7 milhões de toneladas de soja.

Outro fator que deve contribuir para o aumento da produção foi a liberação de mais recursos para o setor no Plano Agrícola e Pecuário 2013/14. Com a ampliação do crédito, é esperado que se colha, neste próximo ano, os resultados de maior investimento em nível tecnológico, em fertilizantes, calcário, agrotóxicos e em maquinário agrícola.

De acordo com Aline Veloso, o aumento das safras de grãos em todo o mundo refletem o otimismo pelas projeções de consumo recorde nos Estados Unidos, com foco, especialmente, na produção de biocombustíveis.

Vale lembrar

O ataque da Helicoverpa se intensificou a partir do final do ciclo passado no estado em áreas isoladas. Este ano, é um problema generalizado, observado logo na fase inicial de desenvolvimento das plantas de soja e milho. A alta umidade no campo e o calor favorecem a multiplicação da lagarta, e as chuvas regulares comprometem a eficiência da aplicação de agrotóxicos contra o inseto. O cenário fez Minas Gerais decretar situação emergência fitossanitária.

Claudionor Nunes destacou a importância da assistência técnica, uma vez que o manejo adequado reduz a necessidade de defensivos agrícolas. “A ferrugem, por exemplo, já não causa tanta apreensão aos produtores, que aprenderam a lidar com o problema. A Helicoverpa, por outro lado, é considerada inimigo ainda desconhecido e preocupante”.

Carnes

Este foi um ano de recuperação para os produtores.

O ano anterior (2012) havia sido bastante difícil, com altos custos de produção (especialmente com os preços altos de milho e soja para a alimentação dos animais), resultando no forte abate de matrizes. A decorrente oferta enxuta de animais se refletiu na valorização das carnes em 2013. No caso dos suínos, a oferta também ficou comprometida pelo forte calor do verão e o inverno rigoroso, o que prejudicou a cria dos animais.
 
Com insumos mais baratos em 2013, um mercado interno aquecido pela melhoria do poder aquisitivo e um câmbio favorável à exportação, o ano foi de recomposição de renda para o produtor. Para o boi gordo, por exemplo, o incremento no Valor Bruto da Produção (VBP) foi de 26,2%. Para suínos, o faturamento bruto de 2013 foi 25,6% maior e, para as aves, o acréscimo foi de 16,5% na comparação com o ano anterior. A trajetória de valorização das carnes deve permanecer nesta virada de ano, com o período festivo e a melhoria do poder aquisitivo das famílias, com o recebimento do 13º salário.

2014

A expectativa é de manutenção de um mercado interno bastante aquecido, impulsionado especialmente pelos eventos festivos e esportivos e por uma forte campanha de marketing para elevação do consumo. Também são esperados novos acordos internacionais. O bom momento de 2013 deve estimular uma produção um pouco maior. 

Vale lembrar

2013 foi também marcado pela reabertura de mercados, queda de barreiras e restrições e novos acordos internacionais. Exemplo foi a missão empresarial da CNA à China, buscando abertura para alguns dos principais produtos agrícolas brasileiros e, especialmente, suspensão do embargo à carne bovina. O presidente da FAEMG, Roberto Simões integrou a comitiva que apresentou, ao país mais populoso do mundo, as oportunidades de negócios e investimentos no agronegócio brasileiro, das cadeias produtivas à infraestrutura.