Redação (30/05/06)- Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) vai propor, em reunião a ser realizada quarta-feira, na sede da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília, que os agricultores fechem os principais portos exportadores de grãos – Paranaguá, Santos, São Francisco do Sul e Rio Grande – como forma de reivindicar mudanças no Plano de Safra 2006/2007 anunciado pelo governo federal. A federação também vai propor o bloqueio das saídas de produtos de cooperativas, cerealistas e agroindústrias. Outra proposta a ser colocada aos membros da CNA é a de reduzir em 30% a produção nacional de grãos. O bloqueio de rodovias estaria encerrado. As decisões foram tomadas por representantes de 101 sindicatos rurais do Estado, reunidos em Curitiba.
O presidente da Faep, Agide Meneguetti, considerou que o plano anunciado pelo governo “talvez seja um dos melhores, senão o melhor que tivemos nos últimos anos”. No entanto, acentuou que “as medidas de alongamento das dívidas não foram suficientes”. Com um prazo considerado curto e sem previsão de renda, em função da desvalorização do dólar, ele entende que a capacidade de pagamento fica comprometida. “Não temos condições de arrumar nossas finanças para alcançar o excelente plano de safra que o governo anunciou”, salientou.
As principais reivindicações do setor para o governo federal são o aumento de prazo para pagamento das dívidas e alterações na política cambial. Na reunião de hoje os agricultores tiveram a oportunidade de questionar o gerente regional de agronegócios do Banco do Brasil, Sergio Mantovani, a respeito das dúvidas sobre os financiamentos. “Estamos com todas as linhas abertas e não queremos perder os clientes”, disse o gerente. Segundo ele, algumas necessidades especificas do estado, como ajuda aos pecuaristas, não contempladas pelo plano safra estão sendo encaminhadas para Brasília.
Mas uma das maiores reclamações dos agricultores é em relação aos prazos de prorrogação das dívidas passadas. Os agricultores pediam um mínimo de 15 anos com 3% de juros ao ano. Mas acabou ficando em quatro anos para o Paraná. Um estudo realizado pelo economista da FAEP, Jefrey Kleine Albers, tendo como ponto de partida a safra de inverno de 2004, quando a expectativa de receita era de 100%, mostra que na atual safra de inverno os produtores devem acumular prejuízo de 187%.
Segundo ele, na primeira safra de 2004, o prejuízo foi de 30%. Levado para a safra seguinte, o produtor encerrou o período agrícola 2004/2005 com prejuízo de 66% em relação a expectativa. Na safra de inverno de 2005, o prejuízo já estava em 84%. A safra de verão 2005/06 elevou esse índice para 137%. E na atual safra de inverno deve chegar a 187% o prejuízo acumulado.