Em Céu Azul, no Oeste do Paraná, dois primos trabalham na confecção e na venda de cortes nobres de carne suína. Dono do restaurante Pepinão, localizado ao lado direito da rodovia BR-277, no sentido Foz do Iguaçu, Silvan Luiz Boghelot conta que os negócios com carne suína começaram em 1980, na época da construção de Itaipu, com os pais dele. A aposta na carne do animal não veio por um acaso. “Meus tios, na época, trabalhavam na produção de animais e de alguns embutidos”, diz.
À frente dos negócios desde os anos 90, Silvan Boghelot foi ampliando o cardápio suíno do restaurante. “Antes, tínhamos apenas a costelinha. Com o tempo, começos a servir filé suíno, paleta, sanduíches de salame e queijo dentro de um pão caseiro delicioso fabricado aqui”, conta. A esposa de Cledniane Seganfredo Boghelot também ajuda no comando dos negócios. “Temos muitos clientes de passagem, até por se tratar de uma estrada. Mas temos muitos, muitos mesmo, clientes fiéis. Que veem aqui só para comer a carne suína ou comprar um embutido de qualidade”, revela Silvan Boghelot.
Para atender os clientes famintos com qualidade, mais da metade de toda a carne vendida no Pepinão vem do Fricéu, pequeno frigorífico localizado a menos de 300 metros do restaurante. A proprietária, a nutricionista Daniela Miotto Bernardi, é prima de Silvan.
Com uma proposta diferente das demais empresas, a Fricéu trabalha com cortes nobres e personalizados. “Nossa família trabalha com suínos há muito tempo. No começo, ainda na propriedade rural, produzíamos alguns salames e torremos. Com o tempo, fomos ampliando, até termos nosso próprio frigorífico”, conta.
Daniela, que atualmente faz um doutorado sobre o assunto na Unicamp, diz que atualmente trabalha com 200 animais por semana, que são abatidos em outro lugar e levados ao Fricéu para ganharem um tratamento especial. “Nosso foco é a qualidade, temos um produto com um acabamento especial, usamos temperos frescos, especiarias, sálvia, alecrim, pimenta branca, pimenta vermelha. Usamos o mínimo de aditivos, apenas o necessário para garantir a sanidade do produto”, explica.
A principal vitrine dos produtos de Daniela é o Pepinão. No entanto, aos poucos, a Fricéu está ganhando espaço. “Já estamos em Cascavel, Céu Azul, Curitiba, Cornélio Procópio”, diz. “O nosso produto tem um tempo de vida mais curto e é um pouco mais caro que o industrial. Nossa produção é bem rústica e queremos manter esse perfil. Apostando verdadeiramente na qualidade e nos cortes especiais, como o filé mignon, picanha, porco à passarinho e a costelinha piano”.
Na opinião Luís Bisewski, técnico da Suinosul, a parceria da família e o trabalho do Fricéu é uma alternativa para suinocultura independente. “É um nicho de mercado diferenciado. Quem trabalhar bem dentro deste mercado, vai trabalhar para sempre. Quanto maior o número de pequenas atividades assim, focadas em um público, melhor”, opina.