Um dos desafios do segmento de subprodutos de origem animal, em especial da farinha de carne e de ossos, é alcançar o mercado internacional. São diversas dificuldades encontradas pelas empresas do setor, entre elas, as rigorosas normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para fabricação desse produto direcionado à exportação, a burocracia para adquirir uma licença de exportação e, principalmente, a diferença de parâmetros de avaliação da qualidade do produto existentes nos países.
“Isso significa que, para conseguir exportar, as empresas brasileiras precisam entender exatamente qual é a demanda da nação importadora e voltar seus objetivos para atender essas especificidades”, afirmou Ronaldo Linares Sanches, do Laboratório Nacional Agropecuário de Minas Gerais (Lanagro-MG), durante o Fórum Qualidade de Farinhas de Carne e Ossos, realizado ontem (16), em São Paulo.
Segundo Sanches, uma exigência universal dos importadores desse produto é a homogeneidade das farinhas oferecidas e por esse motivo as empresas precisam ter processos produtivos com qualidade e padrão. “Outro fator relevante para nações estrangeiras é a análise feita por laboratórios enquadrados no NBR ISO 17.025, que atestem justamente essa uniformidade e qualidade”, completa.
Um indicativo da falta de qualidade da farinha de carne, de acordo com Sanches, é a alta concentração de colágeno, advinda da inserção de tendão, pêlo, couro, tecidos conjuntivos no produto. Na farinha de ossos, é a detecção de ostras, silicatos e cerâmicas no produto, além de casos de farinha de ossos calcinados sem ossos calcinados. Para farinha de sangue, o problema reside em encontrar tecidos ósseos, sal, ovos de inseto e açúcar. A detecção de vísceras e sangue é um indicativo de atenção para farinha de pena, já em farinha de peixe, a presença de pena e vísceras de aves atesta problemas com o produto e, em alguns casos, fraudes.
Carlos Braido, diretor do Sincobesp – Sindicato Nacional dos Coletores e Beneficiadores de Sub Produtos de Origem Animal, organizador do Fórum Qualidade de Farinhas de Carne e Ossos, explica que mercado de graxarias está cada vez mais preocupado com a qualidade de seus produtos por isso esses problemas apontados por Sanches são mais difíceis de serem encontrados nas empresas brasileiras. “Somos rigorosamente fiscalizados pelo MAPA e aquelas companhias que não seguem as normativas são fechadas”, ressalta. “No entanto, ainda temos dificuldades de conseguir a licença de exportação”, acrescenta.
Para vencer essas barreiras, Braido contou que o Sincobesp está atuando de maneira ativa junto ao Mapa e um dos resultados dessa ação é a missão chilena que virá ao Brasil no final deste mês para visitar empresas fabricantes de farinhas. Atualmente, o mercado brasileiro exporta apenas 1% do total produzido, o equivalente a 60 mil toneladas/ano.
Com patrocínio da Alltech do Brasil e da Braido LTDA e apoio da Revista Graxarias, o Fórum Qualidade de Farinhas de Carne e Ossos ainda contou com a medição de Valdirene Paes, assessora jurídica do Sincobesp, e apresentação de Valquiria Terribili DAlmeida, gerente de qualidade da Microbial, e de Maria Lúcia Braga Sanvindo, gerente técnica da Microbial, sobre a parceria entre a entidade e o laboratório para o monitoramento das matérias-primas que garantem a qualidade do produto final. O encerramento ficou por conta de Gustavo Razzo, presidente do Sincobesp.